O governador do Acre, Gladson Cameli (PP), falou sobre os ajustes e movimentações que o governo está fazendo para comprar uma vacina contra a Covid-19 logo que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizar. Para isso, Cameli afirmou ter quase R$ 113 milhões em recursos disponíveis.
O Brasil ainda não tem nenhuma vacina aprovada pela Anvisa e a promessa do governo federal é que o registro da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford seja aprovado só em fevereiro. No último dia 8, Cameli se reuniu com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, para tratar da imunização contra a Covid-19.
Um dia antes, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou que a vacinação começa em janeiro no estado com a imunização desenvolvida pelo laboratório chinês Coronavac, que está na 3ª fase de teste, em que a eficácia precisa ser comprovada antes de ser liberada pela Anvisa.
Nesta quarta-feira (16), o Ministério da Saúde apresentou no Palácio do Planalto o Plano Nacional de Imunização. Entre as mudanças, foram incluídos novos grupos prioritários como presos, quilombolas e trabalhadores do transporte coletivo e a previsão da utilização da Coronavac .
“Noto uma disputa e não vou entrar nela porque estão colocando em primeiro lugar alguns interesses. O que quero dizer é que já era para estar marcada a data e hora da aplicação da primeira vacina na nossa população. O plano foi apresentado, nossa secretaria foi apresentada. Fomos tão transparentes, conseguimos fazer uma economia de investimentos nossos aqui de quase R$ 113 milhões que estão nos cofres prontos para fazer investimento. Vamos utilizar esse recurso para compra da vacina, caso me permitam. Preciso de algumas autorizações e nossa PGE [Procuradoria Geral do Estado] está pedindo ao Supremo Tribunal Federal, como o Estado do Maranhã fez, para que nos dê o direito de comprar a vacina que estiver disponível”, disse o governador em entrevista à Rede Amazônica Acre nesta quarta-feira (16).
Novos grupos prioritários
Na atualização do plano, foram incluídos entre as prioridades da campanha de vacinação:
comunidades tradicionais ribeirinhas;
quilombolas;
trabalhadores do transporte coletivo;
pessoas em situação de rua;
população privada de liberdade.
Além dos novos grupos, permanecem entre os prioritários:
trabalhadores da área de Saúde;
idosos (acima de 60 anos);
indígenas;
pessoas com comorbidades;
professores (do nível básico ao superior);
profissionais de forças de segurança e salvamento;
funcionários do sistema prisional.
Inicialmente no Acre, o governo havia anunciado que iria seguir o cronograma do Ministério da Saúde, divulgado no dia 1º de dezembro. De acordo com a pasta, o plano será dividido em quatro etapas.
No plano, o Acre se programa para imunizar 136 mil pessoas nestas primeiras quatro fases da campanha de imunização que só deve começar a ser aplicada em março de 2021, segundo informações da gerência do Núcleo do Programa Nacional de Imunização (PNI) da Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre).
Veja fases:
Primeira fase: trabalhadores da saúde, população idosa a partir dos 75 anos de idade, pessoas com 60 anos ou mais que vivem em instituições de longa permanência (como asilos e instituições psiquiátricas) e população indígena.
Segunda fase: pessoas de 60 a 74 anos.
Terceira fase: pessoas com comorbidades que apresentam maior chance para agravamento da Covid-19 (como pacientes com doenças renais crônicas e cardiovasculares).
Quarta fase: professores, forças de segurança e salvamento, funcionários do sistema prisional e população privada de liberdade.
Em preparação para a chegada da vacina, a saúde do Acre informou que já tem 19 câmaras refrigeradas para fazer o armazenamento da vacina. E, caso haja necessidade, podem ser adquiridas outras unidades.
“O Estado já vem tomando, se adiantando e cumprindo todas as normas para que a gente não perca nenhum dia e essa vacina chegue aqui logo. Se tiver que comprar, estamos preparados, a Assembleia Legislativa já me deu autorização, tenho entrado em contato e formalizado com todos os laboratórios que produzem a vacina de que temos interesse de comprar. Não vamos esperar. Não vamos esperar um dia, nosso gargalo hoje é o tempo”, frisou o governador.
Termo de responsabilidade
O governador explicou que acha desnecessário a assinatura de um termo de responsabilidade proposto pelo governo federal para quem tomar vacina de uso emergencial contra a Covid-19. A assinatura desse termo não será necessária para vacinas que tiverem obtido o registro definitivo da Anvisa.
“Ficar nesse debate de querer que assine quem quer tomar, cada um é de maior, criar termo de responsabilidade, não concordo com isso. Cada um é dono do seu nariz e faz o que a consciência mandar. O que não posso aqui é deixar de trazer uma vacina, fazer a parte governamental que me cabe, que é criar essas condições e trazer para o estado, do que entrar em um debate de termo. Não concordo. Acho que a população tem que fazer o que é melhor e o que é melhor é a vacina. Chegou a vacina, eu vou ser o primeiro a tomar para todo mundo ver, se me permitirem e garantirem esse direito”, afirmou.
Casos de Covid no Acre
Na entrevista, o governador falou também sobre os números confirmados de coronavírus no estado acreano. Conforme o boletim da Secretaria de Saúde (Sesacre), divulgado nesta quarta-feira (16), já são 38.938 casos confirmados.
Já o número de mortes voltou a crescer e chegou a 756 vítimas fatais em todo estado acreano. Com o aumento nos números, duas regionais do estado, incluindo a da capital Rio Branco, Baixo Acre, regrediram de fase durante as avaliações do Comitê de Acompanhamento Especial da Covid-19.
“Estamos nos preparando para a pior situação. Existe um plano, o estado se preparou, comprou equipamentos de proteção e respiradores. Estou trabalhando com a ideia de que a vacina chegue logo, tenho as minhas concepções e estou fazendo um a análise não oficial. Já pedi autorização da Aleac [Assembleia Legislativa do Acre], pedi à PGE para pedir autorização para comprar qualquer vacina aprovada, estamos com a logística formada para que se tiver que ir buscar a vacina que possamos ir buscar. Montamos todas as estratégias, não quero perder tempo”, destacou.
Outro assunto debatido com o gestor foi a falta de infectologistas no Instituto de Traumatologia e Ortopedia do Acre (Into) para atender os pacientes do novo coronavírus. Cameli frisou que a empresa que http://ecosdanoticia.net/wp-content/uploads/2023/02/carros-e1528290640439-1.jpgistra o Into precisa encontrar os profissionais para trabalharem na unidade.
“Não podemos perder tempo com essa questão de falta de profissionais nessa área de infectologia. Não somente nessa área, mas também na questão de falta de enfermeiros. Estou chamando o sindicato da Saúde para tratar sobre o que o governo pensa para a área da saúde pro ano que vem, não é prometer o que não posso cumprir, mas entrar em um debate pedindo mais. São verdadeiros guerreiros que enfrentaram a pandemia”, garantiu.