Na semana em que é comemorado o Dia da Consciência Negra, a Baixada Fluminense registrou mais um caso em que um rapaz negro foi tratado como criminoso por seguranças. O encarregado de supermercado Fernando Silva dos Santos havia recebido o salário há pouco, e foi a uma loja no Calçadão de Duque de Caxias na última quarta-feira (18) para comprar uma mochila nova. Ao deixar o estabelecimento, já usando o produto para carregar seus pertences, foi acusado de ter roubado um par de sapatos.
À reportagem do “RJ1”, da TV Globo, ele contou que mostrou a nota fiscal, mas mesmo assim, teve a mochila aberta e seu conteúdo jogado no chão.
“Quando eles abriram e viram que não tinha nada, só o par de tênis e a minha roupa, eles ficaram desesperados, porque viram que eu não tinha roubado nada. Eu falei para eles: só por que eu sou preto?”, disse o rapaz, que registrou o caso na 59ª DP, onde a o ocorrência foi tipificada como constrangimento ilegal.
Testemunha do caso, a cabelereira Andreia Lima desabafou com a reportagem da TV Globo:
“Eu gritei por ele porque eu quero justiça. O nosso país tem que ter justiça. Somos trabalhadores. Eu estou cansada de ver negros massacrados”.
Em nota divulgada nas redes sociais, a Di Santinni pediu desculpas e declarou repudiar “veementemente qualquer ato de racismo, injúria ou ofensa moral dentro e fora de nossos estabelecimentos”. A rede ainda alegou ter dado entrada em um pedido de averiguação para “que fatos como esse nunca mais aconteçam” e colocou-se à disposição da vítima para dar assistência. No entanto, a loja se exime da responsabilidade sobre os seguranças, dizendo que os profissionais foram contratados pelo Calçadão. A afirmação é contestada pela chefia de vigilância do local:
— A Di Santinni simplesmente não assumiu um erro cometido pelo seu funcionário e colocou a culpa no nosso pessoal. Mas a própria vítima vai apontar quem fez essa infeliz abordagem — diz Piqué de Caxias, que coordena a segurança do Calçadão.
Sobre o motivo de o caso ter sido registrado como constrangimento ilegal em vez de racismo, a Polícia Civil diz que “pelo entendimento do ocorrido, o caso foi registrado inicialmente como constrangimento. A Delegacia ressalta que as investigações vão continuar para apurar e esclarecer todas as circunstâncias do fato”.