Para uma parcela da população, as eleições de domingo (15) estão sendo tratadas com um cuidado extra.
Pessoas dos grupos de risco sofreram com o isolamento da pandemia. Mas, longe de aglomerações e perto das plantas, o empresário Nelson Simeão, de 84 anos, achou um jeito de retomar a vida. E está confiante de que é seguro votar.
“Eles estão anunciando pela TV que vão ter uma série de cuidados, inclusive pedem até para que a gente leve a nossa própria caneta. Quer dizer, todas essas preocupações, precauções, eu acredito que a pandemia, o risco não vai ser tão grande”, avalia.
A nora, a paisagista Rosana Simeão, também com mais de 60, pretende ser a primeira eleitora na seção para evitar salas cheias.
Repórter: Vai abrir o local de votação?
Rosana: Pretendo.
Repórter: Que horas vai chegar lá?
Rosana: Sete horas. Já entra, vota, tecla, dá seu voto, passa álcool em gel, pega o título e pronto.
As urnas vão acordar mais cedo para atender os idosos. E o começo da manhã, das 7 às 10 horas, fica reservado para eles preferencialmente. Eleitores mais jovens não são proibidos de votar nesse período, mas devem evitar – medidas do protocolo das eleições municipais, que virou caso para infectologista em 2020.
“Manter o distanciamento físico, evitando entrar em transporte público lotado, evitando ficar perto de outras pessoas na fila, evitar aglomerações. E uma das principais formas de fazer isso é ser rápido no momento da votação”, afirma Marília Santini de Oliveira, médica infectologista do INI/Fiocruz.
Só em dois casos se deve ficar em casa.
“Se você foi em um médico e ele falou ‘olha, você está com Covid”, que você mantenha o isolamento e não saia para votar, e que, se você tiver febre nesse período perto da eleição, também não saia”, explica Marília.
Preservar da doença todos os grupos de eleitores em ano de pandemia não é só uma questão de vigilância sanitária, mas de garantir a democracia. Cientistas políticos dizem que o voto de uma parcela da população pode mudar a eleição. Por isso é tão importante que cada eleitor se sinta seguro para sair de casa e votar.
Partidos precisaram usar novas estratégias para alavancar as campanhas com distanciamento social. E isso esvaziou as ruas. Mas o especialista diz: só não podem faltar eleitores nos locais de votação.
“Sempre é muito importante porque o voto é o principal instrumento da democracia. Não é o único; a democracia não se resume ao voto, mas o ato de votar, de selecionar seus líderes e demitir aqueles líderes que você julga que são inadequados é a grande vitória da democracia, é a grande vitória da cidadania dos últimos séculos”, avalia Ivan Fernandes, cientista político e professor da UFABC.