Após menos de seis meses do crime, o réu Andreci Paulo de Amorim, de 29 anos, que confessou ter matado a mulher Maria Antônia Saboia da Silva, de 30 anos, com vários golpes de faca, vai a júri popular. O julgamento foi marcado para a próxima sexta-feira (27) na comarca do município de Manoel Urbano, no interior do Acre.
A informação foi confirmada pelo Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC). Conforme o órgão, sete testemunhas devem ser ouvidas no julgamento, além do réu. Porém, como os casos de Covid-19 na cidade apresentaram um aumento, existe a possibilidade de o júri ser suspenso.
Com pouco mais de 9,5 mil habitantes, Manoel Urbano registra 365 casos de Covid-19, segundo a Secretaria Estadual de Saúde. Duas pessoas morreram na cidade em decorrência da doença.
O crime ocorreu no dia 31 de maio deste ano na cidade de Manoel Urbano. Um dia após a morte da mulher, Amorim ligou para o 190 da Polícia Militar, confessou o crime, informou sua localização e foi preso em flagrante pelo feminicídio.
Na época, a PM-AC disse que o homem relatou que tinha cometido o crime por conta de uma suposta traição. O G1não conseguiu contato com a defesa do réu.
Morta na frente dos filhos
A vítima, segundo a Justiça, foi assassinada na presença dos filhos. O filho mais velho de Maria, em depoimento, informou que chegou a “travar” uma luta corporal com o padrasto.
Maria Antônia deixou dois filhos, de 5 e 13 anos, segundo informou a PM. Um irmão da vítima teria informado para a polícia que Maria e o companheiro discutiam há alguns dias e que ela queria terminar o relacionamento, mas não conseguia.
No dia do crime, os dois estavam bebendo e a mulher acabou morta. No mesmo dia, a polícia encontrou uma faca do tipo peixeira que ainda estava suja de sangue.
‘Queremos justiça’
Ainda abalada com a perda da irmã, a autônoma Maria Lucia Saboia, de 36 anos, relembrou como era Maria Antônia e disse que a família espera que seja feita justiça.
“Minha irmã era uma pessoa muito boa, trabalhadora, nunca fez mal a ninguém. Ainda dói muito na gente a morte dela, talvez se fosse por doença, nós estivéssemos sofrendo menos, mas foi desse jeito terrível. Queremos que ele pegue o máximo de tempo possível, que seja feita justiça por tudo que ele fez com minha irmã”, disse Maria.
Desde que a irmã foi morta, Maria cuida do filho menor dela, que também é filho do réu. Ela chegou a pedir a guarda provisória da criança e teve o pedido liminar deferido pela Justiça.
“É muito sofrimento, principalmente para os filhos dela, que são crianças. A gente ama, cuida com todo carinho, mas nada substitui o amor de uma mãe. Ficamos sabendo que existe possibilidade de o júri ser adiado por conta da pandemia, mas espero em Deus que aconteça, porque a gente não aguenta mais esse sofrimento e ainda pensar que ele pode ser solto depois do que fez é muito difícil”, concluiu