Com crise, Santa Catarina vive explosão de novos MEIs

Foto: Murici Balbinot

Entre janeiro e novembro, Santa Catarina registrou a abertura de mais de 144 mil empresas, segundo a Junta Comercial do Estado. Descontados os fechamentos do período, o resultado é um saldo positivo de mais de 75 mil empreendimentos, um recorde histórico.


Entre as 144 mil novas empresas, 111 mil são microempreendedores individuais (MEIs). Esse movimento resultou no maior percentual de trabalhadores atuando por conta própria desde 2012, com 23,6%, segundo o IBGE.


O número representa cerca de 818 mil pessoas. Além disso, o trabalhador por conta própria em Santa Catarina tem a maior renda do país, com R$ 1.987. A média nacional é de R$ 1.368.


Em contrapartida, durante a pandemia, 134 mil catarinenses deixaram de ser empregados no setor privado.


“Em todas as crises cresce o número de MEIs. São as pessoas que perderam o emprego e acabaram criando uma empresa, que é aquele empreendedor por necessidade, não por opção, com planejamento e visão de futuro. Isso aumenta cada vez mais as nossas responsabilidades. Temos que ajudar essas empresas para que não morram”, disse o superintendente do Sebrae em Santa Catarina, Carlos Henrique Ramos Fonseca.


Segundo ele, é importante que os novos empreendedores busquem ajuda de parceiros, como o Sebrae/SC, para enfrentar as principais dificuldades. A entidade auxilia na obtenção de microcrédito, por exemplo, uma das demandas mais procuradas.


 


“É um momento de grandes oportunidades também. Ao mesmo tempo que a transformação digital é um desafio, é uma oportunidade. Um novo mecanismo para acessar seus clientes. A crise também foi importante para o empresário refletir sobre os seus negócios, planejamento e longo prazo”, acrescenta.


Comércio


Das 144 mil novas empresas, 35 mil são de comércio, o setor com maior participação. “O comércio é o setor que mais tem constituído empresas no Estado. […] E há uma maior concentração de empresários individuais. Isso tem um conjunto de explicações. Muitas vezes, para acessar crédito, por exemplo, ou ter segurança jurídica, existe um processo de formalização”, disse o economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de SC (Fecomércio/SC), Leonardo Regis.


Segundo ele, a economia ainda não se ajustou ao novo momento, o que pode trazer mudança no quadro futuro. “O empreendedorismo de necessidade se acentua em relação à crise, porém, […] na medida em que volta o emprego formal, eles vão se deparar com uma escolha”, complementou.


Para Regis, um fator que tem contribuído para o avanço da criação de MEIs é o incentivo que plataformas de vendas promovem junto aos empresários e o processo de digitalização como um todo. Isso auxilia, entre outras coisas, o recebimento de vendas online e o ingresso em ferramentas de pagamento.


“Essa é uma tendência que a gente precisa esperar mais alguns meses para ver como se consolida. Essa tendência vem desde 2017 com a reforma trabalhista, mas agora houve uma certa mudança porque houve um impacto muito mais forte no emprego informal no setor privado “, acrescentou.


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