Atendimentos de casos suspeitos de Covid-19 triplicam no Into e infectologista alerta para possível 2ª onda no Acre


O aumento no número de casos de contaminação pelo novo coronavírus preocupa e já se pode considerar que o estado caminha para uma segunda onda da pandemia, segundo alertou o infectologista Alan Areal.


O especialista afirmou que a combinação de relaxamento das medidas de distanciamento social, uso de máscara e aglomerações têm contribuído para esse aumento significativo dos casos.


“Diria que nós, em determinado momento, conseguimos estabilizar e, em alguns momentos, ficamos em queda [nos casos]. Mas, agora o cenário é de estabilidade para o aumento de número de casos. Então, isso é preocupante e a gente pode sim considerar essa situação de uma segunda onda. E que nós possamos estar entrando em um cenário em que pode superlotar novamente nossos hospitais, inclusive, o número de leitos em UTI”, alertou o especialista.

Dados dos boletins divulgados pela Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) apontam que os casos confirmados de Covid-19 em 24 horas saltaram de 10 no último dia 4 de outubro para 256 no dia 4 de novembro. As internações também têm apresentado aumento, subindo de 119 no dia 9 de outubro para 166 nessa segunda-feira (9).


Outro dado preocupante é com relação à procura por atendimento de pessoas com sintomas da Covid-19 no principal hospital de referência na capital acreana, o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia do Acre (Into).


A gerente de assistência da unidade, Clícia Santos, informou ao G1 que, nas últimas duas semanas, os atendimentos têm aumentado de forma significativa. Segundo ela, o número saltou de 80 para 240 atendimentos por dia. Somente nessa segunda-feira (9), foram atendidas 274 pessoas com sintomas da doença.


O infectologista falou sobre a importância de as pessoas voltarem a adotar as medidas e orientações para que o estado volte a ficar em um cenário de estabilidade e queda dos casos.


“Os números não mentem, são claros. É preciso, mais do que nunca, que nesse momento nós reforcemos essas ações de uso de máscara contínuo e distanciamento social. Sabemos que estamos passando por um momento eleitoral, mas isso não é motivo para que as pessoas relaxem nesses cuidados. Então, em nome de todas as pessoas que estão à frente dos cuidados a esses pacientes, daqueles também que perderam suas vidas, pedimos às pessoas que, por favor, nos ajudem a controlar e fazer com que essa curva, que mais uma vez é crescente, volte a cair”, disse Areal.


Chance do Baixo Acre regredir para faixa laranja

 


O secretário de Saúde, Alysson Bestene disse que o estado está atento à situação e pediu o apoio da população para evitar o aumento dos casos. Segundo ele, pelo que vem se apresentando, existe chance da regional do Baixo Acre, onde está Rio Branco, regrida para a faixa laranja do Pacto Acre sem Covid.


Na última avaliação do Comitê de Acompanhamento Especial da Covid-19, no dia 29 de outubro, a região do Alto Acre regrediu após ter aumento nos casos de síndrome respiratória aguda grave em mais de 100% e o índice de novos casos por síndrome gripal em 200%


“Alguns estados da Região Norte já vinham com esse indicativo de uma segunda onda, um segundo ciclo e aqui no estado também, nesses últimos 15 dias, em especial algumas cidades como a capital e o Alto Acre. Já a região do Juruá ainda não está tendo esse aumento. Não sei se pelo fato da campanha eleitoral, em que as pessoas acabam tendo maior contato umas com as outras. A região do Baixo Acre, com esse aumento, provavelmente pode ser que regrida para a faixa laranja, mas a gente só vai ter a certeza com o refinamento dos dados que vão ser apresentados”, afirmou Bestene.


CRM pede maiores providências à Sesacre

 


Preocupado com o aumento no número de internações e atendimentos no Into, o Conselho Regional de Medicina do Acre (CRM-AC) enviou, nesta terça (10), um ofício à Sesacre pedindo que sejam tomadas maiores providências para evitar colapso nos hospitais do estado.


“Desde o início da pandemia, o CRM vem monitorando toda situação de casos, óbitos, internações, ocupação de leitos e fiscalizando as unidades que atuam no tratamento de Covid. Ao perceber esse aumento de internações e atendimentos no Into, nós emitimos um alerta à Sesacre demonstrando nossa preocupação e pedindo que tomem as providências necessárias, inclusive no intuito de restrição de mobilidade das pessoas”, disse primeiro secretário do CRM, Virgilio Prado.


Sobre o documento, o secretário afirmou que ainda não foi notificado, mas que as devidas providências já estão sendo tomadas por parte do governo.


“Ainda não recebi, porém, a gente já vem tomando esses cuidados e o que precisa é a gente intensificar. Caso tivermos que retornar para a faixa laranja, vamos tomar as medidas que estão previstas no decreto, ou seja, fechar bares, restaurantes, igrejas. Se for o caso, o governo e toda equipe está preparado para tomar essas medidas mais restritivas”, concluiu o secretário.


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