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A casa do presidente: Veja a área privativa do Palácio da Alvorada, em Brasília


Dada a tradição austera da vida militar, pode ser que o presidente Jair Bolsonaro estranhe morar num palácio. Mas ao conhecer as dependências do apartamento privativo reservado para a Presidência da República dentro do Palácio da Alvorada, a impressão de luxo se dissolve rapidamente para dar lugar à valorização do conforto como forma de arte.


Finalizado em 1958 para receber a família de Juscelino Kubitschek, o Alvorada, como é carinhosamente chamado pelos brasilienses, foi a primeira construção finalizada da nova capital. Desde então, já recebeu mais de uma dúzia de chefes de governo ao longo dos seus 60 anos. Recentemente, uma recuperação histórica devolveu ao edifício seu mobiliário original restaurado e devidamente posicionado segundo as recomendações de Oscar Niemeyer, seu arquiteto, e da filha Anna Maria Niemeyer, decoradora oficial do projeto, que desenhou vários móveis para preencher os salões e quartos do palácio.


O edifício tem pé-direito altíssimo, mas divide-se em apenas três pavimentos. O subterrâneo abriga o setor http://ecosdanoticia.net/wp-content/uploads/2023/02/carros-e1528290640439-1.jpgistrativo (mais de vinte funcionários cuidam diariamente da manutenção do local), o de serviços e parte da área de lazer, como cinema e sala de jogos. O térreo é ocupado pelos grandes salões e pela biblioteca – neste pavimento acontecem as visitas e reuniões de trabalho quando o presidente não se desloca até o Palácio do Planalto, sede do Poder Executivo. O apartamento privativo da Presidência da República ocupa todo o mezanino e é uma área estritamente particular. Casa Vogue obteve acesso para documentar o trabalho praticamente artístico de recuperação da decoração original, orquestrado pela Diretoria de Documentação Histórica da Presidência da República (DDH). As mudanças ocorreram ao longo dos últimos dois anos, período em que o palácio permaneceu vazio depois da saída de Dilma Rousseff, já que o ex-presidente Michel Temer preferiu continuar no Palácio do Jaburu, destinado ao vice.


 



 


A fachada principal do Palácio da Alvorada tem como destaques as colunas levíssimas desenhadas por Oscar Niemeyer, que se tornaram símbolo de Brasília. O traço remete às redes de descanso penduradas nas varandas das antigas casas de fazenda, populares no Brasil. Um conjunto de brises azuis, instaladas com a autorização do próprio Oscar Niemeyer durante os anos Collor de Mello, reduzem a incidência de sol dentro da construção, poupando as obras de arte que lá residem.



De dentro do palácio, o olhar precisa atravessar um vasto jardim até alcançar as outras construções que ocupam o Plano Piloto de Lucio Costa. Há um forte aparato de segurança para manter o chefe de estado e sua família sempre protegidos.


A fachada dos fundos é comumente confundida com a da frente, já que também possui as mesmas colunas que deram origem ao brasão da nova capital. O que a difere, além da ausência dos brises, é a presença de uma varanda que vai de um canto ao outro da área íntima.



Sobre o mezanino, há uma sala de estar e jantar, utilizadas pela família do presidente. O trecho reservado para as refeições possui uma tapeçaria de Kennedy Bahia, artista chileno radicado no Brasil, que retratou fauna e flora tropicais em suas obras. Ao redor da mesa, cadeiras Cantu alta, de Sergio Rodrigues. A sala de estar exibe o design italiano das poltronas e sofás Maralunga, de Vico Magistretti, adquiridas nos anos de governo de Fernando Henrique Cardoso.



As suítes do Palácio da Alvorada são confortáveis. Cama, criado-mudo e luminária de piso (não existem pontos de luz no teto dos dormitórios) são criações de Anna Maria Niemeyer. A escrivaninha tem a assinatura da marca norte-americana Broyhill, que tomava marcos arquitetônicos de Brasília como referência para seus móveis um tantinho kitsch – no entalhe lateral da mesa e no encosto da cadeira é possível reconhecer os pilares do Alvorada, por exemplo. Junto à varanda, uma poltrona Vronka, de Sergio Rodrigues, se revela um agradável canto de leitura.


 


O dormitório principal, destinado ao presidente, é o maior do palácio, com quase 80 m². A cama de tamanho superking parece pequena cercada pelo par de criados-mudos, todos criações de Anna Maria Niemeyer. A tela Altar, disposta na lateral, exibe o traço do artista brasiliense Taigo Meireles. Os espelhos redondos e a poltrona Moleca são de Sergio Rodrigues. Já o conjunto de poltronas verde-oliva foram escolhas de Anna Maria pinçadas da obra de Afra & Tobia Scarpa. Na parede junto à pequena mesa de refeições, tela de Aldemir Martins.



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