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Senador com dinheiro na cueca já foi investigado pela Câmara na Farra dos Combustíveis


O senador Chico Rodrigues (DEM-RR), que foi flagrado pela Polícia Federal (PF) com dinheiro na cueca, já foi acusado de fazer mau uso de verba na Câmara dos Deputados. Chico Rodrigues foi deputado federal por cinco mandatos, entre 1991 e 2011.


Quando estava em seu quarto mandato, foi investigado pela corregedoria da Câmara por seus altos gastos com gasolina e, na época, admitiu que apresentava outros gastos como se fossem de combustível, para receber ressarcimento, mas acabou absolvido.


O caso foi revelado pelo GLOBO em uma reportagem em abril de 2006. Levantamento feito pelo jornal mostrou que, no ano anterior, Chico Rodrigues havia gastado R$ 174,1 mil (em valores da época) com gasolina, o quarto maior gasto entre deputados. Já nos três primeiros meses de 2006 ele foi o que mais gastou: R$ 60 mil.


Entrevistado na ocasião, Rodrigues admitiu que colocava como gastos em gasolina outras despesas, para as quais não conseguia nota, como almoços:


— Certo não é, mas é maneira que tenho para justificar o gasto. Essa verba deveria ser incorporada ao salário, liberada para qualquer gasto ou suspensa. Do contrário, fica o deputado obrigado a andar com um contador do lado. O deputado é obrigado a fazer uma verdadeira alquimia, ginástica para conseguir ressarcimento. É culpa da Câmara…


Na mesma entrevista, admitiu que não precisava do ressarcimento da Câmara, mas acrescentou que utilizaria mais, se tivesse direito:


— Sou empresário e não preciso desse dinheiro, mas o que é de direito, não enjeito um centavo. E se tivesse mais, eu utilizaria.


Após a publicação da reportagem, o então presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), enviou o caso para ser investigado pela Corregedoria da Câmara. Chico Rodrigues, entretanto, recuou e disse que só gastava o dinheiro com gasolina.


O corregedor-geral da Câmara na época era o então deputado Ciro Nogueira (PP-PI), hoje senador e um dos principais aliados do presidente Jair Bolsonaro no Congresso. O parecer de Ciro Nogueira pedindo a absolvição foi aceito por unanimidade pela Mesa Diretora.


Após o período na Câmara, Chico Rodrigues foi vice-governador e governador de Roraima. Eleito para o Senado em 2018, foi nomeado como um dos vice-líderes do governo Bolsonaro na Casa. Ele emprega em seu gabinete Leonardo Rodrigues de Jesus, conhecido como Léo Índio, primo dos filhos mais velhos do presidente.


Em junho, ele gravou um vídeo ao lado de Bolsonaro, no Palácio do Planalto, pedindo apoio para a construção de um hospital de campanha em Roraima. O presidente disse que ele seria atendido “com toda certeza”.


No ano passado, o senador foi cogitado para ser o relator no Senado da eventual indicação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para a embaixada do Brasil nos Estados Unidos, mas Bolsonaro acabou desistindo da indicação.


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