A Organização Não Governamental (ONG) Interplast foi criada em 1965 com o objetivo de compartilhar conhecimento médico, tratamento e experiência com comunidades com poucos recursos pelo mundo agora. A ONG já realizou mais de mil viagens de cirurgia humanitária, envolvendo mais de mil profissionais médicos. O que pouca gente sabe é que um dos destinos de trabalho da ONG foi o Acre.
No ano de 1998, a Interplast assinou um termo de cooperação técnico-científico com o governo do estado do Acre, por meio da Secretaria de Saúde, no qual se comprometia a realizar anualmente cirurgias de fenda palatina (lábio leporino).
Durante 4 anos consecutivos, cerca de 23 médicos americanos vieram ao Acre, onde realizaram cerca de 600 cirurgias de correção de lábio leporino.
Um dos responsáveis pela vinda do programa ao Acre foi o médico Sérgio Augusto Delgado Perdigão, que conheceu o médico americano Robert Pool, que fazia parte da Interplast e acabou o convencendo a vir ao estado realizar as cirurgias. Os dois devem receber no final do ano o título de cidadão acreano. No caso de Robert Pool, a homenagem será in memorian, já que o mesmo é falecido.
Araripe Alexandre de Barros, hoje morando no Mato Grosso, era http://ecosdanoticia.net/wp-content/uploads/2023/02/carros-e1528290640439-1.jpgistrador da Santa Casa na época e foi um dos coordenadores do programa, fazendo busca ativa de pacientes com fissura palatina em todo o Acre. “Em quatro anos do projeto, o custo foi zero para o governo do Estado do Acre, pois a equipe Americana trouxe anestesistas, pediatras e enfermeiros, além de medicamentos e materiais cirúrgicos, cabendo à SESACRE o fornecimento das salas para que fossem realizadas as cirurgias”.
Araripe conta que entre tantos atendimentos, alguns ficaram marcados. “Lembro de um homem, residente de Marechal Taumaturgo, e pai de duas meninas com a mesma patologia. Lembro também do caso de um morador da Serra do Moa, que se deslocou de barco por vários dias de percurso, até Cruzeiro do Sul, embarcou em uma pequena aeronave da SESACRE, chegando à capital. Na entrevista, na fundação, ele narrou que o sonho dele era andar de ônibus, por esse ser um veículo que nunca havia visto”, relembra.
A última expedição aconteceu em setembro de 2001, uma data marcada pelo atentado às torres gêmeas do World Trade Center. A equipe estava em procedimento quando foram informadas da tragédia. Apesar disso, o restante da missão não foi interrompido, tendo os profissionais dado o cumprimento à toda a agenda cirúrgica. No final do expediente daquele dia, a FUNDHACRE realizou um ato na capela de suas instalações, em solidariedade à equipe e a todo povo americano.