A alta no preço do arroz e demais alimentos da cesta básica deve continuar pelos próximos meses, segundo especialistas ouvidos pela CNN neste sábado (12).
Além da crise desencadeada pela pandemia, que derrubou o PIB de grandes países, o analista de economia e política Miguel Daoud, especializado em agronegócio, também citou outros fatores que impactaram no valor do grão, entre eles, a exportação de arroz mesmo com a previsão de alta nos preços internos.
“Empresas [brasileiras] com arroz em estoque, ao invés de jogar no mercado interno, acabaram vendendo para o exterior — o que não deveriam ter feito, pois o Brasil hoje não produz o necessário para consumir. Dessa forma, temos toda uma cadeia contaminada: sobe a soja, o milho, frango, suíno. E isso não se resolve com nenhuma outra medida a não ser fazer um projeto para incentivar a produção de alimentos”, defendeu Daoud.
Luciano Timm, que é ex-secretário da Secretaria Nacional do Consumidor, alertou que o momento é de cautela e, por isso, os brasileiros não devem correr aos supermercados para comprar em grandes quantidades.
“Estocar agora significa só pagar mais caro. A ministra da Agricultura [Tereza Cristina] e os produtores rurais já disseram que não haverá desabastecimento. Outro ponto que os consumidores devem fazer é pesquisar bastante porque há muita variação de preço. Também se deve pensar em alternativas. Todo mundo está acostumado a comer arroz, mas, como já aconteceu em outras ocasiões, talvez seja o caso de repensar a dieta”, aconselhou.
Diretor de Assuntos Internacionais da Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), Mário Pegorer disse que o preço do grão ainda não atingiu o seu pico, pois os mercados vendem atualmente o estoque adquirido em agosto.
“Nós estimamos que o pacote de arroz deva chegar ao consumidor final, dependendo da marca e região, entre R$ 35 e R$ 40. Isso será o pico do aumento de preço. O que nós vemos nas gândulas dos mercados hoje ainda é reflexo da comercialização do mês de agosto com preços inferiores ao que está custando o arroz na origem agora”, explicou.
Pegorer ainda prospectou a estabilização do preço do arroz para o início do próximo ano. “Nós vamos ter uma melhoria nas condições de comercialização a partir de dezembro ou janeiro, quando já começa a se ter expectativa da próxima safra. Por enquanto, não teremos queda de preço e, também, os preços reais não chegaram às gândulas do supermercado.”