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Motorista envolvido em acidente que matou mulher alega ameaça e extorsão em presídio no Acre


O motorista Alan Araújo de Lima, que dirigia um dos carros envolvidos no suposto racha que atropelou e matou Jonhliane de Souza, de 30 anos, disse que está sendo ameaçado e extorquido por outros presos do Complexo Penitenciário Francisco D’ Oliveira Conde, em Rio Branco, e pediu para ser transferido para o Batalhão Ambiental.


Um ofício, assinado pelo diretor da unidade de regime fechado 1 (URF-1), Leandro do Nascimento, foi enviado nessa segunda-feira (28) ao juiz Alesson Braz, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, com o pedido de transferência.


O acidente que vitimou Jonhliane aconteceu no dia 6 de agosto, na Avenida Antônio da Rocha Viana, em Rio Branco. A vítima foi atingida pela BMW em alta velocidade, que era dirigida por Ícaro José da Silva Pinto. A suspeita é que ele e Alan Lima faziam um racha no momento em que a mulher foi atingida.


Ao G1, o advogado de Alan, Romano Gouveia, disse que não vai se manifestar sobre o caso. Gouveia limitou-se a dizer que na próxima sexta-feira (2) deve apresentar a defesa preliminar do suspeito, com estudo científico e tese e que vai pedir 16 nulidades no processo.


No ofício, o diretor afirma que, para resguardar a integridade física de Lima, ele foi levado ao pavilhão destinado a prisões especiais, no caso de presos com nível superior ou por questões de pensão alimentícia, mesmo não fazendo parte de nenhum desses critérios.


Conforme a direção da unidade, o preso alega que está sendo ameaçado e que presos o estão extorquindo para garantir sua segurança na cela. Ainda segundo ele, que não quis registrar boletim de ocorrência e nem identificar quem seriam os autores das ameaças, os presos afirmam que podem encontrá-lo em qualquer lugar dentro do complexo para cobrá-lo.


Habeas corpus negado

 


A Câmara Criminal de Rio Branco voltou a negar, por unanimidade, um pedido do habeas corpus de Alan Araújo de Lima, no último dia 17 de setembro.


Na decisão, o desembargador-relator, Samoel Evangelista, destacou que as provas apresentadas para a prisão preventiva comprovam a ‘materialidade e são indícios suficientes de autoria já, inclusive, denúncia formulada pelo Ministério Público Estadual contra o réu’.


Denúncia do MP

 


O Ministério Público do Acre (MP-AC) ofereceu, no dia 16 de setembro, denúncia à Justiça contra Ícaro José da Silva Pinto e Alan Araújo de Lima.


A denúncia contra os dois motoristas é por homicídio, racha e pelo menos mais dois crimes acessórios, como fuga do local e omissão de socorro, de acordo com o promotor que acompanha o caso, Efrain Mendoza. Ícaro está preso no Batalhão de Operações Especiais (Bope) e o Alan no Presídio Francisco D’Oliveira Conde (FOC).


Mendoza disse que, com base no inquérito e os laudos periciais, o racha foi uma das principais condutas apontadas ao final das investigações da polícia.


O advogado Sanderson Moura, que faz a defesa de Ícaro, chegou a afirmar que preferia não comentar o caso e que se restringe a defesa nos autos. Já o advogado de Alan, Romano Gouveia, sustenta que ele não participou de racha.


Indiciados

 


Os dois condutores já tinham sido indiciados pela Polícia Civil, que concluiu as investigações no dia 11 de setembro. Segundo a perícia, Ícaro, que conduzia a BMW que matou a vítima, estava a uma velocidade estimada de 151 km/h. O motorista do outro carro, Alan, estava a 86 KM/h. Os dois foram indiciados por homicídio qualificado.


O delegado Alex Danny, que comandou as investigações, disse que, além do homicídio qualificado, eles também foram indiciados pelo crime de racha. A velocidade que o carro de Ícaro atingiu era três vezes maior que a permitida na Avenida Antônio da Rocha Viana, que é de 50 km/h.


Danny acrescentou que tanto a namorada de Ícaro, Hatsue Said Tanaka, quanto Eduardo Andrade, que estava no carro com Alan, serviram como testemunhas do caso e não foram indiciados.


Jonhliane Souza foi atropela e morta quando seguia para o trabalho na manhã do dia 6 de agosto — Foto: Arquivo da família

Jonhliane Souza foi atropela e morta quando seguia para o trabalho na manhã do dia 6 de agosto — Foto: Arquivo da família

Morte de Jonhliane

Johnliane foi atingida quando ia ao trabalho pela BMW em alta velocidade, que era pilotada por Ícaro. Um vídeo de câmeras de segurança mostra os dois carros em alta velocidade na Avenida.


Alan foi preso preventivamente no dia 14 de agosto, na casa de um irmão. Já Ícaro foi preso no dia 15, no posto da Tucandeira, divisa do Acre com o estado de Rondônia, ele voltava de Fortaleza, para onde tinha ido após sofrer ameaças, segundo a defesa.


O pedido do habeas corpus de Ícaro foi negado no dia 10 de setembro por unanimidade pela Câmara Criminal em Rio Branco.


Dupla suspeita de praticar racha que matou mulher quando ia ao trabalho no AC têm habeas Corpus negado  — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

Dupla suspeita de praticar racha que matou mulher quando ia ao trabalho no AC têm habeas Corpus negado — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

Perícia

 


Com a conclusão do inquérito, a perícia apontou que a velocidade de impacto da BMW era de 151 km/h na hora do acidente. A motocicleta conduzida por Johnliane estava em 46km/h e o carro de Alan a 87 km/h.


O perito Diego Timóteo, que fez as análises no carro conduzido por Alan, confirmou que a peça, alvo de buscas da Polícia Civil, tinha sido retirada e que ela é responsável por turbinar o motor do veículo.


“A perícia constatou que esse elemento foi suprimido antes de ser conduzido para a nossa seção de identificação veicular. Ele pode gerar um ganho de eficiência, mas, para que ele gere potência, são necessários outros elementos e outros exames para categorizar isso”, pontuou.


Ícaro e a namorada caminham em rua de Rio Branco após acidente que matou Jonhliane de Souza — Foto: Reprodução

Ícaro e a namorada caminham em rua de Rio Branco após acidente que matou Jonhliane de Souza — Foto: Reprodução

Festa

As investigações apontam que os envolvidos no acidente participavam de uma festa. Quando conversou com o G1, a estudante de http://ecosdanoticia.net/wp-content/uploads/2023/02/carros-e1528290640439-1.jpgistração Hatsue, namorada de Ícaro, afirmou que o casal participava de uma festa, onde consumiu bebida alcoólica e que discutia com ele antes do carro atingir Johnliane. O motivo da discussão, segundo ela, foi uma crise de ciúmes. Ela negou conhecer o motorista do outro carro, Alan, e rechaçou a disputa de racha.


Hatsue afirmou que o namorado não sabia no que tinha batido e decidiu seguir dirigindo.


“Foi tudo muito rápido. A primeira reação do Ícaro foi continuar dirigindo. A gente não sabia direito o que tinha acontecido. Quando ele parou o carro, saímos, olhei, e percebi o que tinha acontecido, ficamos muito sem reação”, relembrou.


Menos de 10 minutos após a batida, Ícaro e a namorada foram flagrados por uma câmera de segurança caminhando de mãos dadas. O carro foi abandonado algumas ruas após o acidente. Segundo Hatsue, o momento mostrado pelo vídeo é a hora em que ela tentava acalmar o namorado.


O casal foi resgatado por Diego Hosken, de 32 anos, investigado pela polícia por dar fuga para o motorista. Hosken foi preso dirigindo embriagado e por tentar atropelar policiais militares durante a abordagem. Ele foi liberado após pagar fiança.


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