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Mais de 135 mil famílias acreanas passam por situação de insegurança alimentar, aponta IBGE


O Acre tem 58,7% dos domicílios em situação de insegurança alimentar. É o que aponta a Pesquisa de Orçamentos Familiares Contínua (POF), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última quinta-feira (17).


Os dados são referentes ao biênio (2017-2018) e são resultado da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018, sobre Segurança Alimentar.


O levantamento classifica o grau de segurança alimentar da população em quatro níveis: segurança alimentar (SA), insegurança alimentar leve (IA leve), insegurança alimentar moderada (IA moderada) e insegurança alimentar grave (IA grave), sendo os dois últimos níveis, mais relacionados à fome.


São 137 mil lares acreanos em insegurança alimentar, sendo que desses 29 mil apresentam situação grave, segundo a pesquisa. Os números apontam ainda que somente 41,3 % das famílias que vivem no estado possuem garantias do que comer.


Do total de 137 mil lares acreanos que estão em situação de insegurança alimentar, 32,5% estão em situação de insegurança alimentar leve, 13,8% moderada e 12,4% grave, quando há a experiência de fome no lar.


O índice do estado para insegurança alimentar é o quarto maior da Região Norte, ficando atrás do Amazonas (65,5%), Pará (61,2%) e Amapá (59,4%), a média na região é de 57%.


No Brasil, de acordo com a pesquisa, em cinco anos, aumentou em cerca de 3 milhões o número de pessoas sem acesso regular à alimentação básica. São, pelo menos, cerca de 10,3 milhões o contingente nesta situação.


Uma das famílias que passam por essa realidade é a da desempregada Núbia de Araújo, que tem três filhas. Ela e a família passam por muitas dificuldades e já chegaram a ficar sem ter o que comer.


“Às vezes, elas pedem e eu não tenho dinheiro. Sempre tem alguém que me ajuda e toda semana vem deixar um sacolão para a gente”, contou Núbia em entrevista à Rede Amazônica Acre.


A madeira da casa está comprometida, ela mesma já fez alguns reparos. “Se não fosse minha mãe e meu avô que comprou esse terreno aqui para nós, acho que nem vivos nós estávamos. Se eu conseguisse umas madeiras para ajeitar a casa, porque está para cair. Vejo a hora cair, não penso nem em mim, só penso nas crianças”, disse.


A dona de casa Raimunda da Costa tem sete filhos e há 18 anos mora de aluguel sem conseguir benefício nenhum e eles não têm o que comer.


“Tinha um arroz que já até acabou, era o que tinha e saí atrás para conseguir na minha vizinha. A janta Deus proverá”, disse Raimunda, que tem uma filha de 13 anos que é epilética, que não anda, não fala e precisa usar fraldas e ter uma alimentação especial.


“Para dizer que não tinha nada ontem, tinha macarrão e óleo e os meninos não se chegam muito. Fui lá numa conhecida minha e consegui um quilo de arroz. Eu fico com fome, mas dou para todos”, afirmou a mãe.


Apesar de todo sofrimento, Raimunda diz ser feliz com a companhia dos filhos. “Hoje sou feliz e peço a Deus saúde, porque não é toda mãe que consegue vencer o que eu estou vencendo, com seus filhos todos. Não dou [os filhos] por nada, se eu comer barro, vão comer barro junto comigo, mas eu não desfaço dos meus filhos por nada”, concluiu.


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