Foi no dia 28 de setembro de 1971 que Sena Madureira registrou o maior acidente aéreo de sua história. Minutos após ter feito a decolagem, o avião DC3, da empresa Cruzeiro do Sul, que viajava com destino a Rio Branco, apresentou problemas no motor, bateu em uma árvore e caiu em um matagal na comunidade Boca do Caeté.
Aquele dia fatídico deixou saldo de 33 mortos entre passageiros e tripulação. Ao cair no solo, o avião explodiu não deixando nenhum sobrevivente. Todos morreram carbonizados.
Entre as vítimas estava o Bispo Dom Giocondo Maria Grotti, que a época chefiava a Diocese da Igreja católica no Acre. O religioso, que era italiano, estava no Acre em substituição ao Bispo Fontenele de Castro, e havia feito uma visita a Sena Madureira.
Nesta segunda-feira, 28, se completam 49 anos da tragédia. No local do episódio algumas peças do avião ainda podem ser encontradas, como o motor e outros artefatos. Também foi criada a capela Dom Giocondo, em homenagem ao Bispo.
A professora Humbelina da Conceição Bezerra, tinha 12 anos de idade na época da tragédia. “Me lembro que, após a queda do avião, corri em direção ao local, mas não era possível aproximação porque a fumaça era muito forte”, comentou.
Sobre a morte do Bispo, até hoje ela se emociona ao relembrar o ocorrido. “Foi ele quem fez minha primeira comunhão e crisma. Uma perda irreparável. Lamentamos também por todas as pessoas”, finalizou.
O funcionário público Antônio Furtado, ex-presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Sena Madureira, tinha 17 anos quando a tragédia aconteceu. À nossa reportagem, ele relatou que ia pra escola na companhia do irmão quando avistaram de longe e correram pra lá.
“Ao chegarmos lá não deu pra se aproximar porque o fogo estava com quase dois metros de altura. Me lembro bem que os corpos foram resgatados de lá e transportados em caixas de madeira. Um dia antes o Bispo Dom Giocondo tinha ministrado aula pra nossa turma. Foi uma tristeza pra todos nós”, relembrou.
Mesmo depois de passados 49 anos, a tragédia é lembrada com frequência pela população. Segundo informações, muitos dos passageiros tinham vindo a Sena Madureira pela BR-364, ou seja, via terrestre, mas resolveram retornar de avião por conta da época chuvosa, que tornava ruim a trafegabilidade no trecho.
O maior acidente aéreo do município aconteceu três dias após Sena Madureira ter completado 67 anos de fundação.