A Justiça recebeu denúncia contra o servente de pedreiro Cristiano Lima Arsenio, que passa a ser réu no processo sobre a morte do filho de 5 anos com um corte no pescoço em agosto desse ano, em Rio Branco. A decisão de citação de Arsenio é da juíza Luana Campos, da 1ª Vara do Tribunal do Júri.
Ele foi denunciado pelo Ministério Público do Acre (MP-AC) pelo crime de homicídio com as qualificadoras de futilidade, meio cruel, recurso que dificultou a defesa da vítima e ainda destituição do poder familiar.
Foi dado um prazo de 10 dias para a defesa de Arsenio responder as acusações, alegar o que tiver interesse e apresentar documentos e justificações.
O G1 não conseguiu contato com a defesa do réu. A reportagem também tentou falar com a juíza, mas ela informou que estava em julgamento e não podia falar.
O crime ocorreu na madrugada do dia 13 de agosto na casa da família no bairro Bahia Nova, em Rio Branco. A mãe só percebeu que o filho estava morto pela manhã, quando foi no quarto das crianças.
O homem foi preso em flagrante no mesmo dia do crime. Ele ainda tentou fugir, mas foi contido, preso e levado para a Delegacia de Flagrantes por policiais civis da 1ª Regional da capital. O suspeito chegou rindo à delegacia.
Logo após o pedido para que a prisão em flagrante fosse convertida em prisão preventiva, a Defensoria Pública do Estado (DPE), que fez a defesa do acusado, chegou a pedir a liberdade provisória dele, já que ele era réu primário.
Além disso, alegou ele vinha enfrentando problemas de dependência química, e que vinha sofrendo perturbações mentais em razão de crises de abstinência.
Bebê dormia ao lado do irmão
Além do menino de 5 anos, o outro filho do casal, um bebê de 5 meses, dormia no berço ao lado do irmão.
Em depoimento na delegacia, o servente de pedreiro falou que teve um surto pela abstinência de drogas, foi na cozinha pegar uma faca e seguiu para o quarto dos filhos.
Após degolar o filho mais velho, o suspeito voltou para a cama, deitou ao lado da mulher e dormiu até de manhã, segundo informou o delegado responsável pelo caso, Frederico Tostes, na época.
Na decisão em que citou Arsenio, tornando-o réu no processo, a juíza destacou que a materialidade do crime foi demonstrada por meio do laudo de exame cadavérico e os indícios da autoria através dos depoimentos das testemunhas.
Sem arrependimentos
Na época das investigações, além do suspeito, a polícia ouviu também a mãe das crianças e um pastor, para quem Arsenio estava trabalhando. No depoimento, o suspeito não demonstrou arrependimento, segundo a polícia.
“Falou que há três semanas deixou de usar drogas, na abstinência teve uma perturbação mental e fez isso. Não ficou muito claro no depoimento, não falou muito. Disse que de madrugada pegou a faca e cortou o pescoço da criança. Perguntei se ele se arrependeu e disse: ‘não é tão simples assim’. Não quis falar que estava arrependido. Sem arrependimentos”, explicou o delegado.
O suspeito teria ainda ligado para um pastor, mas não falou nada e desligou o telefone.
A mulher afirmou à polícia que o marido sempre foi cuidadoso com os filhos e nunca agrediu eles. Ainda segundo o delegado informou na época, a mulher contou que estava dormindo e não ouviu nada. Quando acordou pela manhã foi que viu a criança já sem vida.