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Acre volta ao centro da guerra nacional de facções contra o Comando Vermelho


Com a morte de Elias Maluco, na Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná, no começo da semana passada, terça-feira (22), o CV (Comando Vermelho) expõe a crise que vem enfrentando em todo o país, da qual o Acre é uma das poucas exceções, perdendo terreno em todo o país na guerra do crime organizado. O Comando Vermelho enfrenta o o avanço cada vez maior de milícias no Rio de Janeiro, sem falar no aumento, cada vez mais significativo, das atividades do PCC (Primeiro Comando da Capital) vários estados, chegando a roubar o domínio do CV em locais onde estava instalado com domínio das ações, como p Mato Grosso do Sul. Elias Maluco foi encontrado morto com sinais de enforcamento na cela e mostra a operação que está sendo montada para fragilizar a facção nascida no Rio de Janeiro.


No Acre,  facção concentrou esforços e rompeu o domínio do PCC e facções a ele associadas, como o Bonde dos 13, promovendo uma verdadeira guerra pelo controle de pontos de drogas, bairros, municípios e rotas de tráfico vindas do Peru e Bolívia. Com investimento e homens treinados, o Comando Vermelho se impôs com violência, promovendo massacres, delimitando territórios, montando uma estrutura de aliciamento de  jovens de ambos os sexos, “tropas” de soldados dos crimes nos bairros e aplicando técnicas de intimidação da população.


Sua guerra com o PCC levou o Acre a se apresentar, por muito tempo, como um dos estados com maior número de homicídios no país. Depois de um período de tranquilidade e fixação de novos limites do domínio das facções e seus aliados operacionais, como o Bonde dos 13, a guerra parece ter reiniciado, com fortes ataques a posições do CV no estado e participação maior da cúpula do PCC na intenção de retomar o controle de suas bases no Acre.


Guerra entre facções deixa saldo de mortos na Capital


Origem


O Comando Vermelho foi uma das primeiras facções criadas no país. Em 1979 surgiu a organização criminosa, que já foi considerada uma das maiores. Em seguida surgiu, em 1993 o PCC. Mas, mesmo sendo uma das primeiras e abrindo terreno acabou perdendo espaço, contatos, clientes e parceiros.


As inúmeras operações tanto do Polícia Federal quanto do Gaeco para desmantelar e enfraquecer as organizações criminosas, tentam diminuir ação de membros, líderes no narcotráfico, tráfico de armas e lavagem de dinheiro.


Mas, em outro plano, O CV enfrenta em suas bases mais tradicionais o crescimento das milícias, principalmente, no Rio de Janeiro como o avanço da Liga da Justiça, o surgimento de facções regionais, como a ADA (Amigos dos Amigos), e TCC (Terceiro Comando da Capital), querem desmantelar e dominar o CV, absorvendo a outrora poderosa facção em suas estruturas organizacionais, ficando com a massa falida do Comando Vermelho.


Desacordo e massacre


A sucessão de liderança que irá ocupar o lugar de Elias Maluco, que era um ícone dentro do facção, ainda está em aberto, mas deverá ser ocupado por algum membro que ainda está solto para poder comandar a logística e contabilidade da facção. O CV acabou perdendo muito quando rompeu laços com a facção criminosa Família do Norte, em 2019, e declarou guerra ao PCC que teria tentado dominar o estado do Rio de Janeiro, que era a ‘casa’ do Comando Vermelho.


O desacordo com a Família do Norte resultou em um grande massacre em Manaus em 2019 onde 55 presos morreram. A Família do Norte teria se unido ao PCC para acabar com o CV. Antes Família do Norte era aliada ao CV para barrar a expansão do PCC, mas o acordo entre as duas facções terminou em 2018.


A guerra se espalhou por outros estados, incluindo o Acre.


Os portos de Santos e Itajaí já estariam sob o domínio do PCC, para a exportação de cocaína para a Europa e Estados Unidos. Sérgio de Arruda Quintiliano, de 36 anos, o ‘Minotauro’, foi preso no dia 4 de fevereiro de 2019 em Balneário Camboriú. A prisão foi feita por agentes da Polícia Federal de Itajaí.


De 2016 até 2018 as duas facções entraram em guerra oelo comando do tráfico na fronteira com o Paraguai, especialmente com o núcleo de Jarvis Pavão que tentava se estabilizar na naquela fronteira e virou alvo do PCC, que executou vários membros de Pavão, sendo um deles a advogada Laura Casuso, de 54 anos, atacada com mais de 14 tiros no dia 12 de novembro, na cidade de Pedro Juan Caballero, na fronteira com Ponta Porã. Laura chegou ao hospital com várias perfurações no abdômen, tórax, pescoço e membros superiores, causando lesões vasculares e múltiplas fraturas. As duas facções haviam rompido na região um acordo operacional, eliminando um dos maiores traficantes da fronteira, Jorge Rafaat, assassinado quando seu carro foi atingido por uma bazuca.


Descapitalizar


Para o delegado da Polícia Federal, Leonardo Rafain, delegado regional de combate ao crime organizado, as operações deflagradas pela PF tentam descapitalizar as facções criminosas em uma tentativa de eliminar o ‘poder de fogo’ das organizações, “Não adianta a gente (PF) prender integrantes, apreender armas, drogas se não chegarmos até a parte financeira da organização”, disse.


Segundo o delegado, nos últimos anos as facções se instalaram na fronteira do Paraguai e Bolívia fechando um cerco completo na comercialização de drogas e armas, que vem sendo combatido pelas forças policiais. No Acre, procuraram controlar os rios de acesso às fronteiras com Bolívia e Peru no Vale do Acre e no Juruá, transformando esses rios e as trilhas na floresta em estradas de entrada de droga no país. O número e volume de apreensões de drogas nas cidades acreanas de fronteira provam a intenção dos grupos criminosos, especialmente do CV em busca de uma rota acreana de entrada de cocaína no Brasil.


Nova guerra 


A morte de Elias maluco pode abrir nova guerra que atingirá a Região Norte. Em Rio Branco e outras cidades do Acre, o Comando Vermelho promoveu queima de fogos em homenagem ao líder morto, mas se preparou para ter suas posições atacadas. Nas últimas semanas, tiroteios têm assustado moradores de bairros e de alguns municípios e as mortes voltaram na crescer nas batalhas entre as facções.


Em Manaus, as forças de segurança passaram a monitorar uma nova guerra entre facções criminosas protagonizada entre o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC). Um dos locais desse confronto tem sido o Centro da Cidade, onde entre agosto e setembro, ao menos sete pessoas foram assassinadas por conta dessa nova disputa.


Investigações das forças de segurança locais indicam que o conflito está sendo travado pelo traficante Felipe Batista Ribeiro, o “Anjinho”, principal líder do PCC no Estado. De acordo com a Polícia Civil (PC), ele passou a ter como aliado, o cunhado de ‘Zé Roberto’, Marcelo Frederico Laborda Júnior, o ‘Marcelinho’. Laborda comandava a área de tráfico no Centro de Manaus.


No início de setembro, circulou pelas redes sociais do Amazonas dois vídeos de um homem, ainda não identificado pela polícia, que se auto intitulava membro do Terceiro Comando Puro. Empunhando uma arma de grosso calibre, ele fala em promover ataques e execuções em integrantes do Comando Vermelho, dos bairros Coroado e Centro. O vídeo serviu como recado para os integrantes do PCC a fim de confrontar aliados do CV, que passaram a dominar boa parte do tráfico do Estado.


Após a prisão de Anjinho, do PCC, no dia 13 de agosto, integrantes do Comando Vermelho tentaram tomar o domínio do tráfico daquela área da cidade, que é considerada uma das mais cobiçadas pelas facções.


O Comando Vermelho ordenou a morte de outro traficante, Marcelinho, conseguindo executar o serviço, mas isso levou Marcelinho a se aliar ao PCC, comandando pelo antigo rival, Anjinho. A partir da nova aliança criminosa, surgiram uma sequência de mortes na área central de Manaus.


A violência segue em alta no estado vizinho e está chegando com força ao Acre


(da redação, com base em reportagens dos jornais digitais Midiamax, de Campo Grande e Todahora.com, de Manaus)


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