Data que marcou o início do fato histórico mais relevante do Acre, esse 6 de agosto de 2020 não terá celebrações em Xapuri, local onde eclodiu, há 118 anos, a Revolução Acreana. No entanto, um ato alusivo ao movimento armado liderado pelo gaúcho José Plácido de Castro será realizado pela prefeitura local. Será assinado nesta quinta-feira, 6, a ordem de serviço para a continuidade da reforma do museu Casa Branca.
A obra de restauração do antigo prédio está parada há 5 anos, desde a gestão do ex-prefeito Marcinho Miranda, por conta de problemas com o convênio firmado junto ao Ministério do Turismo. A reforma previa melhorias do patrimônio e da praça Plácido de Castro, que fica ao lado, além de adaptações estruturais para garantir o acesso de portadores de necessidades especiais, como a inclusão de um elevador no projeto original.
Inicialmente, foram destinados R$ 495 mil oriundos de emenda do senador Sérgio Petecão para a restauração do espaço cultural. O contrato de repasse tem a interveniência da Caixa Econômica Federal. De acordo com a assessoria da prefeitura, vários “gargalos” burocráticos vinham adiando a retomada dos serviços, que, finalmente, foi anunciada nesta quarta-feira, 5, pelo prefeito Ubiracy Vasconcelos.
Farsa histórica
Apesar de ser considerado como a sede da antiga Intendência Boliviana de Mariscal Sucre, onde Plácido e Castro teria travado com o intendente Juan de Dios Barrientos o célebre diálogo: “És temprano para la fiesta; não é festa, é revolução”, para alguns historiadores, como o acreano Marcos Vinícius Neves, a atribuição não passa de uma farsa histórica. Segundo ele, em 1902, o prédio sequer existia. Foi construído em 1910 para funcionar como hotel e restaurante.
“Até hoje a fraude da Casa Branca de Xapuri continua sendo ensinada às novas gerações de acreanos e prejudica enormemente a compreensão da formação de uma das cidades mais importantes da história do Acre. Afinal, na verdade, a Intendência boliviana ficava abaixo da boca do rio Xapuri (e não acima como está a Casa Branca) para viabilizar a cobrança de impostos sobre a borracha produzida nos seringais desse rio além dos seringais do rio Acre. Assim turistas acreanos, brasileiros e estrangeiros seguem sendo enganados por um verdadeiro estelionato histórico”, escreveu certa vez na coluna Miolo de Pote, que assinava no jornal Página 20.