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Flordelis já havia tentado matar marido por envenenamento e com matador, diz MP


A Polícia Civil e o MP-RJ (Ministério Público do Rio) afirmaram na manhã de hoje que a deputada federal Flordelis (PSD-RJ) planejava matar o marido havia mais de um ano. O pastor Anderson do Carmo foi assassinado em junho de 2019. Hoje, cinco filhos e uma neta dela foram presos por suspeita de participação no crime, e Flordelis foi denunciada sob acusação de ser a mandante do assassinato.


Para o MP e para a Polícia Civil, não há dúvidas de que Flordelis é quem mandou matar o marido.


Além de arquitetar, ela [Flordelis] financiou a compra da arma, convenceu a pessoa a praticar o crime, arregimentou, avisou sobre a chegada da vítima ao local e ocultou provas. Não resta a menor dúvida de que ela foi a grande cabeça desse crime.


Allan Duarte, delegado


Seis tentativas de envenenamento


Segundo a Polícia e o MP, a deputada praticou pelo menos seis tentativas de envenenamento no ano que precedeu a morte do pastor, a primeira delas em maio de 2018. Doses de arsênico chegaram a ser colocadas na comida do pastor, que precisou buscar atendimento de emergência em unidades de saúde com sintomas como diarreia, sudorese e vômitos.


“Pelo menos outras duas tentativas foram arquitetadas para vitimar o pastor e só não ocorreram por circunstância alheias à vontade dessas pessoas. Uma foi quando ele foi efetuar a compra de um veículo na Barra da Tijuca acompanhado de outros filhos. Ela, juntamente com outras pessoas, arquitetou, planejou e deliberadamente falou para que o executor o matasse simulando latrocínio, se cercando para que demais pessoas não fossem atingidas”, disse o delegado.


A segunda situação ocorreu quando um homem chegou a ser pago para matar o pastor. Segundo o delegado, o crime não foi cometido na ocasião porque ocorreu uma troca de veículos, o que criou uma confusão no executor, além de outra pessoa estar junto ao pastor no momento em que o assassinato aconteceria.


“Ela, ao assumir o cargo de deputada, nos parece que se sentiu mais empoderada para levar a cabo esse crime. Vimos tentativas de contratar pistoleiros, matador profissional, chegou a ser pago alguém, mas não foi levado a cabo e por fim o grupo familiar convenceu a executar o pastor quando ele chegava em casa”, disse o promotor Sérgio Luiz Lopes Pereira, do Grupo de Atuação Especializada e Combate ao Crime Organizado (Gaeco).


Deputada não foi presa


Flordelis responderá por homicídio qualificado, tentativa de homicídio, falsidade ideológica e organização criminosa. Ao todo, dez pessoas foram presas, mas a deputada, por prerrogativa de função —foro privilegiado—, só pode ser detida com autorização da Justiça. O chefe do Departamento Geral de Homicídios, delegado Antônio Ricardo, disse que medidas cautelares foram solicitadas.


“Foi deferido pelo juízo com base no pedido da DH e do MP que ela [Flordelis] tenha restrição de contatos, que não possa se locomover fora do território da cidade onde ela reside e em Brasília, onde ela exerce atividades laborais. Além disso foi deferido também o recolhimento do passaporte dela para que não se ausente das fronteiras nacionais e para que não mude de residência”, disse Ricardo.


Desde o início das investigações, a parlamentar nega participação no assassinato de Anderson. Hoje, a defesa dela se disse “surpresa” com a operação.


“Organização criminosa intrafamiliar”


Segundo o MP, as investigações levaram à conclusão que Flordelis e familiares integravam um grupo criminoso.


Além do crime apurado, outros crimes foram descobertos. Ao final das investigações, chegou-se à conclusão que não se tratava de uma simples família, mas de uma organização criminosa intrafamiliar que tinha o objetivo bem específico de ceifar a vida dessa pessoa para alcançar maior propulsão financeira e política.


Sérgio Luiz Lopes Pereira, promotor o Gaeco.


O motivo do crime, segundo a denúncia, seria o fato de a vítima manter rigoroso controle das finanças familiares e http://ecosdanoticia.net/wp-content/uploads/2023/02/carros-e1528290640439-1.jpgistrar os conflitos de forma rígida, não permitindo tratamento privilegiado das pessoas mais próximas a Flordelis em detrimento a outros membros da família.


“Ao longo da investigações a gente observa que a vítima geria a carreira política, religiosa e artística da deputada, todo lucro que essa família auferia, seja em shows, cultos, era ele que fazia a gestão e que solucionava conflitos intrafamiliares. Essa gestão financeira e essa forma rígida de solucionar os conflitos geraram revolta na primeira geração da família, essa geração que foi presa hoje, e acabou culminando na morte dele. Arquitetaram esse plano tendo em vista essa indignação com a gestão financeira”, explicou o delegado Allan Duarte.


Os 11 denunciados


Além da deputada, dez pessoas foram denunciadas pelo MP. Os sete presos hoje são:


▪️Adriano dos Santos Rodrigues (filho).


▪️André Luiz de Oliveira (filho).


▪️Carlos Ubiraci Francisco da Silva (filho).


▪️Marzy Teixeira da Silva (filho).


▪️Simone dos Santos Rodrigues (filha).


▪️Rayanne dos Santos Oliveira (neta).


▪️Andrea Santos


Outros dois filhos —Flávio dos Santos e Lucas Cézar dos Santos— e o ex-PM Marcos Siqueira Costa já estavam presos. A mulher do ex-PM, Andrea, foi presa hoje.


Os mandados foram cumpridos em Niterói (RJ), na casa onde mora a parlamentar; em Brasília, onde ela possui apartamento funcional; e também em São Gonçalo. As decisões foram expedidas pela 3ª Vara Criminal de Niterói.


Ao todo, o crime contou com a participação de 20% da família, segundo a polícia.


“Nós temos 11 pessoas respondendo criminalmente. Levando em conta que a família são 55 [pessoas], temos aí 20% da família envolvida nesse crime”, afirmou o delegado Antônio Ricardo.


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