Familiares de Jonhliane Paiva de Souza, de 30 anos, que morreu em um acidente de trânsito, no último dia 6, na Avenida Antônio da Rocha Viana, em Rio Branco, fizeram uma manifestação pacífica em frente da Assembleia Legislativa do Estado do Acre (Aleac) pedindo justiça e celeridade na conclusão do inquérito.
Jonhliane estava indo trabalhar quando foi atropelada. O Centro Integrado de Operações em Segurança Pública (Ciosp) informou que a suspeita é que dois carros faziam um racha, quando um dos motoristas, Ícaro José da Silva Pinto, que dirigia o carro do pai, uma BMW, teria batido na motocicleta.
O enfermeiro Jhonata Paiva, irmão da vítima, disse que a família clama por justiça e pede celeridade na conclusão do inquérito policial.
“A justiça que tem que ser feita, queremos cobrar das autoridades rapidez nesse inquérito policial, não sou da área jurídica, mas entendo que o inquérito tem que ser bem executado para que lá na frente ele possa, de fato, prender o criminoso. Queremos transparência, porque a sociedade pede isso”, disse.
Ele questionou ainda o porquê de o suspeito não ter sido preso. “Por que não foi dada voz de prisão no momento em que ele entrou na delegacia, tendo em vista que ele tem um passado nebuloso e o crime que ele cometeu contra a minha irmã foi violento e brutal?, questionou.
Paiva falou ainda que até o momento a família de Pinto não entrou em contato com eles para oferecer algum tipo de ajuda. “Na verdade, eu nem quero que tenha contato. Aqui nós estamos com o apoio de amigos, familiares e pais que perderam seus filhos da mesma forma que perdemos a minha irmã.”
Muito abalada, a mãe de Jonhliane, Raimunda Silani de Paiva, de 52 anos, disse que mesmo que Pinto seja preso ela jamais vai poder ver a filha novamente.
“A mãe dele, mesmo que ele seja preso, ainda vai poder ver ele, deixar alguma coisa para ele. Eu não posso mais fazer nada por ela, só chorar, se eu fosse a mãe dele eu pegaria meu filho e mandava prender ele, porque a minha filha não teve culpa, estava indo trabalhar. Era ela que me sustentava, estava fazendo a nossa casinha”, desabafou.
A funcionária pública Maria do Socorro de Paiva, que era tia da vítima, disse que a sobrinha era trabalhadora e que se orgulhava muito do esforço dela. “Ela tinha as coisinhas dela, era uma pessoa independente, estamos todos da família muito abalados, a gente não quer briga, queremos justiça”, falou.
A advogada Gicielle Rodrigues, que se ofereceu para defender a família de Jonhliane, disse que o suspeito pode ser levado a júri ou pagar fiança, mas que isso vai depender de como as investigações vão ser concluídas.
“Fica a critério do delegado. Agora, a questão das implicações jurídicas, vai depender do que ficar comprovado, se foi um racha vai ficar agravada a situação dele. Nesse caso, não é passível de fiança, vai depender da conclusão do inquérito policial e o delegado tem 30 dias para concluir”, explicou.
Polícia suspeita de racha
O filho do ex-juiz eleitoral do Acre José Teixeira Pinto, Ícaro José da Silva Pinto, que atropelou e matou Jonhliane, se apresentou à polícia dias depois do acidente. As informações iniciais afirmam que o rapaz estaria bêbado na hora do acidente.
Pinto dirigia o carro do pai no momento da batida e fugiu do local. Um vídeo de câmeras de segurança mostra a velocidade em que estava o carro que matou Jonhliane estava. Nas imagens, é possível ver quando a BMW azul passa pela via da direita em alta velocidade. (veja vídeo).
Pinto se apresentou à Polícia Civil no último dia 7, acompanhado do pai, e da namorada, que estava com ele na hora do acidente. O motorista ficou calado durante o depoimento e foi liberado.
No dia em que se apresentou à polícia, o G1 tentou ouvir Pinto, o pai dele, e a namorada, mas eles saíram da Delegacia da 1ª Regional da Polícia Civil, na Baixada da Sobral, sem comentar o caso.
O motorista do outro veículo, que aparece nas imagens em alta velocidade na frente da BMW, Alan Lima, também se apresentou para a polícia para prestar depoimento nesta sexta. A defesa do jovem negou que ele esteja envolvido no acidente e que também não participava de racha.
Além disso, Souza falou que o cliente está abalado e assustado com a situação.
“Está muito abalado, assustado, não tivemos acesso ainda aos autos do inquérito. Só partir de então, daquilo que foi apurado até agora, que vamos tomar posição. Ao que consta, ao sentir na primeira impressão, é que Alan em nada contribuiu para esse fato lamentável e terrível que vitimou essa moça.”
O delegado responsável pelo caso, Alex Danny, explicou que, a princípio, o motorista vai responder em liberdade até a conclusão das oitivas. A polícia ouviu também cinco testemunhas do caso, entre elas donos da festa que o casal participou, amigos, um barman e o motorista do outro veículo.