A rede privada de ensino do Acre prepara o retorno das aulas presenciais para este ano ainda. Para isso, o Sindicato das Escolas Particulares distribui cartilhas de orientações aos pais sobre o retorno, que não tem data definida.
Diferente da rede particular, as escolas estaduais devem retomar as atividades só em 2021. Isso foi o que determinou a Secretaria de Educação, Cultura e Esportes do Acre (SEE) durante o Fórum Estadual de Educação, que ocorre com gestores das escolas e outras instituições, na segunda-feira (3).
As aulas presenciais nas redes pública e privada estão suspensas desde o dia 17 de março, na semana em que o Acre confirmou os três primeiros casos de Covid-19. Desde então, os alunos têm acesso ao conteúdo escolar pela internet por videoaula, pelo rádio com audioaula, pela televisão e também pelo material impresso adquirido nas escolas.
Em entrevista à Rádio CBN Rio Branco, a presidente do Sindicato das Escolas Particulares, Erlândia Dantas, explicou que foi montado um plano de retomada com especialistas de São Paulo. Esse material vai ser entregue para o governador Gladson Cameli e a prefeita Socorro Neri avaliarem.
“A rede privada é mais fácil de ter esses cuidados porque temos um número menor de alunos dentro das salas de aulas. Então, é o distanciamento recomendado pelos especialistas, o uso de mascaras, o álcool em gel nas repartições, orientar a lavagem e mãos com mais frequências, o material individualizado, inclusive o lanche, não tem aglomerações nas dependências da escola, todas as aulas, inclusive de educação física e atividades recreativas, serão monitoradas em espaços específicos com auxílio de agentes escolares para que as crianças não tenham aglomerações e toques”, destacou.
Erlândia disse que a grande preocupação é com o ensino infantil porque as crianças não têm o hábito de evitar contatos e gostam de dividir os objetos pessoais com os colegas e amigos. Pensando nisso, foi montada também uma cartilha de orientações para os pais ajudarem nessa adaptação.
“Todas as escolas da rede privada têm uma quantidade pequena de alunos. Na escola que http://ecosdanoticia.net/wp-content/uploads/2023/02/carros-e1528290640439-1.jpgistro tem 10 alunos por turma e a sala comporta até 30 alunos, então, se entende que se pode ter um distanciamento e um cronograma para as crianças. É claro que isso precisa ser monitorado pelos pais e para isso já fizemos uma cartilha de orientação que já foi enviada para reforçar que cada criança tenha seu material próprio, é recomendado até que a criança traga seu lanche para não ter acesso a cantina ou qualquer outro compartimento da escola na hora do lanche”, reforçou.
A presidente acrescentou que esse retorno só será colocado em prática com a segurança necessária para proteger os alunos e os funcionários. Ela disse que espera as avaliações do Pacto Acre Sem Covid.
“A medida provisória dispensa os 200 dias letivos, mas não abre mão das 800 horas e fizemos um plano de complementação com o Conselho de Educação do Acre, que reconhece 25% da carga horária remotamente. A rede particular deu 15% das aulas presencial antes da pandemia e 25 % já recomendado e validado pelo Conselho e os outros 60% vamos cumprir remotamente porque entendemos que não há uma data da retomada, mas que vai existir um momento”, concluiu.
Orientações
Também em entrevista à Rádio CNB Amazônia Rio Branco, o pesquisador da Fiocruz, Jessem Orellana, disse que o recomendado, no ponto de vista epidemiológico, é retomar em todas as redes de ensino ou não retornar em nenhuma escola.
“Não faz sentido retomar as aulas na rede pública, mas retomada na rede privada. O fato de retomar na rede privada vai ter uma parcela da população que vai fazer o vírus circular e em uma última análise os que não estão indo para a escola não vão ser prejudicados só por não ir, mas as pessoas da rede privada estão fazendo o vírus circular e pode chegar nelas”, complementou.
O especialista orientou que, enquanto não houver uma comprovação de uma queda no número e casos, não é recomendado voltar com as aulas presenciais mesmo adotando estratégias de segurança para evitar a proliferação do vírus.
“Essa estratégia de revezamento não faz sentido porque um grupo de criança começa a estudar hoje, por exemplo, e reveza para daqui a dois dias. Quer dizer que vão entrar em contato com as pessoas que as levam para a escola, com os funcionários e outras pessoas e vão fazer o vírus circular entre outras crianças que tiveram contato com o mesmo professor, o zelador e outras pessoas”, afirmou.