O delegado que investiga o caso do atropelamento seguido de morte deJonhliane de Souza, de 30 anos, Alex Danny, disse à equipe da Rede Amazônica Acre, nesta sexta-feira (14), que as investigações confirmaram que Ícaro José da Silva Pinto e Alan Araújo de Lima faziam um racha no momento em que a mulher foi atingida.
“Pelos elementos que temos hoje juntados ao inquérito eu posso afirmar que eles [Alan e Ícaro] estavam fazendo, sim, um racha, os elementos que temos dão conta de que havia uma disputa automobilística ali mesmo, podia não estar previamente combinada, mas, tudo leva a crer que de fato eles estavam nessa disputa de racha e isso nós vamos apresentar no final do inquérito”, afirmou.
Danny disse que o Alan em seu interrogatório tinha o direto de permanecer em silêncio e que isso foi informado a ele na presença de um advogado, porém, ele quis falar voluntariamente.
“Falou inverdades, trouxe mentiras que estão registradas no inquérito policial e tem a assinatura dele. Ele preferiu mentir e nós conseguimos contraditá-las. Ele disse que não conhecia o Ícaro, que ele não estava no mesmo ambiente de festa, que ele não participou da festa, que ele não participou de racha, então, todas essas mentiras ditas por Alan foram caindo uma a uma”, afirmou Danny.
O acidente ocorreu no último dia 6, na Avenida Antônio da Rocha Viana, em Rio Branco. Jonhliane ia trabalhar quando foi atingida por uma BMW em alta velocidade, que era dirigida por Ícaro.
Alan e Ícaro tiveram a prisão preventiva decretada nesta sexta, mas apenas Alan foi encontrado e preso. Ícaro está foram da cidade, em Fortaleza.
Sobre a prisão de Ícaro, o delegado falou que ele está em local incerto e que o mandado segue em aberto.
“Prendemos Alan, o outro está em aberto, se encontra em local incerto, se a gente tivesse a localização exata dele ele já estaria preso, porém, ressalto que ele não vai ficar impune a essa situação, ressalto que a gente vai conseguir apresentar também o Ícaro para a Justiça.
Prisão
A polícia foi primeiro à casa de Alan, no Conjunto Xavier Maia, mas, segundo apurou a equipe da Rede Amazônica Acre, ele não foi encontrado no local.
Alan estava na casa de um irmão, segundo a polícia, e foi levado para a Delegacia da 1ª Regional, no bairro Bosque. O delegado Alex Danny informou que como Ícaro está fora do estado o mandado dele continua em aberto.
Ao G1, advogado de Alan, Giliard Souza, disse que a defesa já está preparando o pedido de habeas corpus e que Alan não oferece risco à ordem pública.
O advogado disse que Alan se entregou sem nenhuma resistência e reafirmou que não há motivo para a prisão e que a defesa está preparando o pedido de revogação da prisão dele. “A gravidade de um delito também não é requisito para uma prisão preventiva. Então, são alicerçados nessas garantias fundamentais constitucionais que nós estamos pleiteando”, acrescentou.
Souza disse ainda que acredita na decisão da Justiça olhando apenas para o que diz a legislação e não apenas movida pela clamor social.
“Estamos acreditando que a Justiça vai emitir um parecer, uma decisão com bom senso de Justiça e divorciada de qualquer tipo de paixão, ou qualquer tipo de envolvimento emocional com o caso, mas olhando para o que diz a legislação, então, é a isso que a gente se apega”, concluiu.
Motorista de BMW é filmado em praia no Ceará
Nas rede sociais circula um vídeo em que Ícaro aparece com a namorada e o pai em uma praia de Fortaleza, no Ceará.
O advogado de Ícaro, Sanderson Moura, confirmou ao G1 que o cliente está fora do estado porque passou a receber ameaças por Whatsapp após o atropelamento. Ainda conforme o advogado, Ícaro foi para Fortaleza para acompanhar a mãe que está em tratamento na cidade. E que a praia onde ele foi flagrado fica próximo do local onde a mãe estava.
“Ele se sentiu ameaçado de estar nesse contexto no Acre porque causou uma comoção pública, inclusive por meio da imprensa. Então, a mãe dele está em tratamento em Fortaleza e ele foi para Fortaleza onde está a sua mãe. Chegando lá, eles foram comer na praia e alguém tirou essa foto. Mas, ele não estava tomando banho, nem se divertindo. Ele foi comer na praia que é próximo onde a mãe dele estava.”
Moura disse ainda que assim que soube do decreto de prisão preventiva o cliente já se dispôs a voltar ao estado. “Ele está vindo para se apresentar à polícia,” afirma.
Questionado se Ícaro chegaria ainda nesta sexta (14), o advogado disse apenas que “em breve vamos apresentá-lo. Nesse final de semana ou na segunda [17].”
Sobre o possível racha, o advogado disse que não há provas.
“A polícia não vai conseguir provar isso, nem o Ministério Público. Foi apenas uma situação que colocaram publicamente, mas que ali nós estamos diante de um homicídio culposo, que não há necessidade dessa prisão preventiva em um crime de trânsito. A gente entende que tenha criado uma comoção pública e que uma pessoa tenha sido vítima disso, é natural, mas nós estamos diante de um crime de trânsito, que ainda vai ser debatido se é doloso ou culposo. Não está provado que foi doloso, não está provado que houve racha.”
Moura falou ainda que a defesa vai entrar com o pedido de habeas corpus conforme as informações alegadas de que não há necessidade da prisão e que não há provas de que ocorreu o racha.