O Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) aponta que 183 pessoas vivem nas ruas de Rio Branco. Além disso, mais 67 vivem em situação transitória de rua. A maior parte dessa população é de homens.
Os dados foram divulgados em uma reportagem no Jornal do Acre 1ª Edição deste sábado (4). Foi debaixo de uma ponte que a equipe de reportagem encontrou Márcio e Marlon. Os dois se preparam para comer um peixe que tinham pescado no igarapé sob a ponte que adotaram como moradia.
Márcio conta que foi parar nas ruas depois que sofreu com a perda do filho de apenas dois meses. Há nove anos ele vive nessas condições.
“Meu filho morreu, me deu aquela coisa, aquela desilusão, aí cair nas drogas, que isso é uma desgraça, não é uma maravilha. É prazeroso na hora que tá curtindo ali, mas quando passa, vem a lembrança de novo. É triste, não é bom”, desabafa.
Com o vício, muitos acabam indo parar nas ruas, perdem os laços familiares e fica difícil reagir. Tudo isso somado com o sentimento de ser discriminado.“Alguns me tratam com respeito, outros não, porque a droga todo mundo discrimina”, diz Marcio.
Os especialistas pontuam alguns fatores que acabam levando alguém a morar nas ruas. Entre eles estão situação econômica, desemprego, conflitos familiares, migração, saída da prisão e uso de álcool e drogas.
Em maio deste ano, o Ministério Público do Acre (MP-AC) deu um prazo para que prefeitura de Rio Branco e governo do estado apresentassem um plano de ação emergencial prevendo medidas de proteção das pessoas em situação de rua durante a pandemia do novo coronavírus.
Mas, segundo Silvia Oliveira, gerente de proteção social do Creas, esse acompanhamento é contínuo e tenta levar um pouco de dignidade aos moradores de ruas.
“Eles são acolhidos, as demandas são ouvidas por uma equipe e essas pessoas recebem proteção integral. Nós sabemos que quanto maior dificuldade, vulnerabilidade do indivíduo, maior dificuldade que ele vai ter de acesso a políticas públicas”, diz.
MP acompanha
Quem vive nas ruas está exposto à falta de segurança, vivendo sem nenhum tipo de conforto ou serviços básicos sanitários. Além disso, estão completamente vulneráveis.
O Ministério Público, por meio do Núcleo de Atendimento Terapêutico Psicossocial em Dependência Química (Natera), estima que 800 pessoas vivam nas ruas em todo o estado.
O coordenador http://ecosdanoticia.net/wp-content/uploads/2023/02/carros-e1528290640439-1.jpgistrativo do Natera, Fábio Fabrício, diz que acompanha constantemente o atendimento a essas pessoas pela rede de apoio do estado.
“Há uma ação do MP de apoio ao atendimento dessa população pelos órgãos de atendimento das redes, o MP sozinho não consegue fazer nada. Então a nossa presença é quase que diária junto ao centro Pop, junto ao consultório na rua, junto aos outros equipamentos, seja da assistência social, seja na saúde pública ou segurança”. enfatiza.
Para Marcio, estar nas ruas foi a única opção ao acabar entrando nas drogas para tentar esquecer a perda do filho. Mas, ele diz que segue confiante de que um dia pode sair debaixo da ponte e reconstruir sua vida.
“Lutar! A maior coisa é ter o objetivo. Lutar, lutar e pedir muito de Deus, porque só ele pode ajudar. Ser humano ajuda, mas não como ajuda de Deus”, finaliza.