O policial penal Quenison Silva de Souza, indiciado pelo crime de feminicídio por matar a companheira Erlane Cristina de Matos, de 35 anos, foi interrogado na primeira audiência de instrução e julgamento do caso.
Por conta da pandemia do novo coronavírus, a audiência ocorreu, nesta sexta-feira (24), por videoconferência.
Erlane foi morta com um tiro na cabeça em março deste ano. O casal brigou depois de chegar da casa de um amigo. O sobrinho de Erlane, de 13 anos, que estava passando uma temporada com o casal, ouviu a briga e é testemunha no processo.
Além do réu, ao menos dez testemunhas de acusação e defesa também foram ouvidas na audiência que durou cerca de quatro horas. O advogado de Souza, Maxsuel Maia avaliou como positiva a audiência e disse que foi possível esclarecer alguns pontos.
“A audiência de instrução foi muito satisfatória para a defesa, nós conseguimos esclarecer pontos muitos importantes para a manutenção da nossa tese. E nossa tese principal e única é a de absolvição pelo fato do disparo ter acontecido de forma acidental”, disse o advogado.
O servidor público permanece preso no Complexo Prisional Francisco d’Oliveira Conde (FOC), em Rio Branco, desde o dia do crime. Ele chegou a serinternado no Hospital de Saúde Mental (Hosmac), mas a Justiça determinou que ele voltasse ao presídio.
Pedido de revogação da prisão
Um novo pedido de revogação da prisão foi feito pela defesa de Souza no último dia 18 de julho e, segundo o advogado ainda não há uma resposta por parte da Justiça.
O pedido está baseado, segundo o advogado, no risco à integridade física do policial. A defesa já fez outros pedidos de soltura e todos foram negados e o último pedido foi para que ele fosse transferido de unidade, já que estaria sendo ameaçado de morte.
“Esse novo pedido é baseado exclusivamente na declaração dada pelo próprio estado e direção do presídio em que o Quenison está recolhido de que a direção não se julga competente e capaz de manter a integridade física e a vida dele lá naquele presídio. Então, baseado nesse pedido que partiu do próprio estado que a defesa entrou com essa solicitação. Mas, ainda está tramitando e deve demorar mais alguns dias”, afirmou Maia.
Relembre o caso
Quenison Silva de Souza foi preso no dia 12 de março e indiciado por feminicídio por matar a companheira, Erlane Cristina de Matos, de 35 anos, com um tiro na cabeça. O crime ocorreu na noite de 11 de março na casa do casal no bairro Estação Experimental, na capital acreana.
À polícia, Souza afirmou que o tiro foi acidental. O policial foi denunciado pelo Ministério Público do Acre (MP-AC) à Justiça pelo crime de feminicídio.
O G1 teve acesso a um relatório psicossocial feito por uma psicóloga do Tribunal de Justiça que aponta o seguinte:
“Seus sentimentos são de intensa dor e arrependimento no que diz respeito ao ocorrido. Se sente culpado e em extrema vergonha perante sua família e seus amigos. Não consegue aceitar que uma tragédia como essa teve sua pessoa como responsável, pois sempre foi muito responsável com sua arma e com suas obrigações de esposa e pai de família”.