Coordenadora de odontologia do Hospital São Paulo, Denise Abranches conta como é ser a primeira voluntária brasileira a testar vacina contra
No dia 20 de junho, a coordenadora de odontologia do Hospital São Paulo Denise Abranches deixou seu trabalho e foi direto para o Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais, mais conhecido como CRIE, localizado no 770 da Borges Lagoa. Lá, ela inseriu seu nome entre os 2 mil voluntários entre São Paulo e Rio de Janeiro para a testagem da vacina de Oxford contra a covid-19. Quarenta e sete anos, profissional da área da saúde e sem anticorpos para a doença, estava dentro do perfil buscado. Dez dias depois, seu nome entrou para a história como a primeira voluntária brasileira a receber a possível imunização contra a pandemia.
“É meu dever como profissional de saúde contribuir com a ciência e trazer essa segurança para a população”, explica a cirurgiã-dentista, que atua na UTI do Hospital São Paulo na redução de patógenos durante a intubação de pacientes. O contato direto com a saliva infectada a expõe diariamente ao risco de contrair o coronavírus.
vacina de Oxford foi produzida com a junção de proteínas do Sars-Cov-2 e o adenovírus inativado. Na terceira e última fase de testes, a ideia é descobrir se a vacina produz uma resposta de memória imunológica nos pacientes testados. Em outras palavras, no organismo da cirurgiã pode estar circulando uma das possíveis saídas para a maior pandemia do século. Por se tratar de um estudo randômico, Denise não sabe se está de fato imunizada ou se recebeu um placebo. O sorteio e o senso de responsabilidade não lhe rendem preocupações.
“Confio plenamente no trabalho da Prof. Dra. Lily Yin Weckx, médica e referência internacional em imunizações. O estudo de Oxford veio muito por ela. Sei o quanto ela representa na pesquisa e no mundo universitário. Antes de tudo, sou uma admiradora”, relata Denise, que possui um diário eletrônico para alimentar informações sobre temperatura e sintomas corporais, além da equipe do Hospital à disposição. Por ora, nenhuma reação adversa. Já nas batalhas rotineiras, Denise se define como “apenas um instrumento em uma orquestra”.
“A luta contra a pandemia tem proporcionado momentos difíceis não só para os profissionais da saúde. É uma doação de todas as categorias: os profissionais http://ecosdanoticia.net/wp-content/uploads/2023/02/carros-e1528290640439-1.jpgistrativos, secretárias, diretores, profissionais da limpeza, cozinheiros. Não temos escolha senão cuidar do paciente dentro de todas as circunstâncias. Estamos falando de um vírus que não bateu na porta, arrombou”, desabafa a cirurgiã, que há meses não tem contato direto com a família, em especial a mãe, que também atuou na área da saúde como enfermeira por 32 anos. De acordo com Denise, o apoio da família para a testagem também foi incondicional.
“Tem 4 meses que não a vejo , mas vivi minha vida inteira com minha mãe dentro de um hospital. Minha família sempre teve uma consciência social imensa e muito alinhada comigo.”
Enquanto os resultados das testagens não se confirmam, a vida vai seguindo dentro do novo normal. “Temos que manter as mesmas disciplinas de biossegurança”, explica ela. “Usar a máscara e lavar as mãos, por exemplo, continuam sendo um atos de amor e um símbolo da guerra contra o vírus.