A Human Rights Watch divulgou esta segunda-feira um relatório que denuncia os abusos verbais, físicos e sexuais sofridos pelas crianças atletas no Japão. Abusos esses que a organização não-governamental frisa terem sido repetidos e que tiveram em muitos casos consequências para o resto da vida das vítimas.
O relatório surge quando estamos a um ano dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos que vão ter lugar em Tóquio, a capital japonesa.
E relata castigos corporais repetidos em diversos desportos – esses castigos são conhecidos como taibatsu – praticados nas escolas e ao mais alto nível.
A investigação da HRW debruça-se sobre casos de atletas que foram esmurrados nas caras, pontapeados, agredidos com tacos ou paus de bambu, privados de beber água, chicoteados e assediados ou abusados sexualmente.
Os relatos dos maus tratos foram revelados por centenas de atletas e antigos atletas de 50 desportos.
“Fui agredido tantas vezes que não consigo contar”, contou um atleta profissional de 23 anos. “Fomos todos chamados diante do treinador e eu fui agredido na face à frente de todos. Eu estava a sangrar, mas ele não parou de me bater. Disse-lhe que estava a sangrar do nariz, mas ele não parou”, acrescentou.
A investigação denota que estes castigos estão profundamente enraizados no desporto no Japão. A violência física é muita vezes considerada essencial para atingir a excelência competitiva e moldar o carácter.
O relatório da Human Rights Watch é particularmente espinhoso para o governo japonês na antecâmara dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos.