Com mais de 350 casos de Covid-19 em terras indígenas no AC, CPI teme contaminação de povos isolados

Com o registro de pelo menos 352 casos de Covid-19 dentro de 15, das 36 terras indígenas do Acre, a Comissão Pró-Índio (CPI-AC) teme a contaminação dos povos isolados que vivem próximo da terra indígena Kaxinawá do Rio Humaitá, no município de Feijó, no interior do estado.


Um mapa lançado pela CPI-ACmostra como estão os casos de infecção pelo novo coronavírus nas terras indígenas e cidades do estado e, até a terça-feira (14), tinham sido registrados 649 casos da doença. O boletim é semanal e já registrou 22 óbitos.


Entre os Huni Kui, da terra indígena Kaxinawá, que têm território em comum como os isolados, foram registrados pelo menos 36 casos da doença que já chegou na maioria das aldeias da região, conforme dados da comissão.


A coordenadora da Comissão Pró-índio, Vera Olinda, disse que o trabalho da comissão tem sido de monitoramento dos dados, por meio dos boletins oficiais da Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre) e da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) e levantando informações com os indígenas. “Mantemos contato diários com algumas terras indígenas”, disse.


A emissão do alerta de contágio, de acordo com Vera, é para chamar a atenção das autoridades para que possam adotar medidas de prevenção para que estes povos não sejam afetados pela doença. Além disso, ela afirmou que deve formalizar um documento para enviar aos órgãos de proteção.


“Isso ainda está sendo discutido porque ainda é muito recente, de dois dias pra cá. Então, esse alerta precisa se transformar em solicitação que resulte em medidas concretas de proteção desses isolados. É fato que Os Huni Kui nos trouxeram a informação de que eles estavam preocupados com a situação e fizemos o alerta. A gente percebe que os isolados estão circulando com maior frequência nas proximidades das aldeias e é preciso ter uma atenção”, disse.


Vera pontuou que o contágio dos isolados pode ocorrer por meio saques que fazem nas casas dos vizinhos Huni Kui e de moradores indígenas e não-indígenas dos altos rios Muru e Iboiaçu. E o temor é que eles possam ser mortos em consequência da doença.


“O vírus é desconhecido e os isolados não vão apertar a mão dos indígenas da terra do Humaitá, mas, através de objetos, correm risco real de contágio, então é importante que a proteção chegue antes disso para evitar a morte, genocídio mesmo, onde a população é mais frágil e por isso estamos chamando atenção para este aspecto”, acrescentou.


A coordenadora disse que o alerta veio de lideranças e dos dos povos do Humaitá pedindo que medidas fosse adotadas.


“A partir da informação da preocupação dos Huni kui tornamos públicas a preocupação deles porque é de fato bem importante que se antecipe ações de monitoramento sobre as andanças desses povos isolados para evitar uma fatalidade”, concluiu.


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