O procurador-geral da República, Augusto Aras, voltou a criticar a Lava Jato em reunião realizada na tarda desta quarta-feira (29) com o Muda Senado, de acordo com relatos de parlamentares que participaram do encontro.
Assim que tomou conhecimento das críticas feitas por Aras, o senador Marcos do Val (Podemos-ES) enviou uma mensagem ao procurador-geral convidando-o para uma reunião de emergência com o grupo Muda Senado, formado por senadores favoráveis à pauta anticorrupção. Aras rapidamente aceitou o convite e conversou com os senadores por cerca de 2h30.
“Ele disse que quer criar uma auditoria para que as forças-tarefas sejam transparentes. Depois comentou, por exemplo, que a Lava Jato de São Paulo não tem controle, uma vez que o próprio procurador escolhe quem vai investigar. E ele acha que isso deve ser feito via sorteio”, disse do Val.
O senador relatou, também, que Aras acredita na existência de um grupo que não concorda com sua posição de procurador-geral e, por isso, tem tentado desconstruir sua imagem.
“Ele finalizou a reunião dizendo que era lavajatista, e que a ideia da criação da Unac (Unidade Nacional de Combate à Corrupção) não é sua, mas entende que o órgão não seria uma substituição da Lava Jato”, acrescenta.
“O procurador-geral afirmou que quer transparência e compartilhamento de informações que possam ser muito bem-vindas em outros processos, até porque, segundo ele, tem uma parte que fica opaca”, afirmou o senador Major Olimpio (PSL-SP), que também esteve presente na reunião.
Olimpio informou, também, que Aras explicou o termo lavajatismo, usado por ele dias atrás. “Ele disse que o termo é superlativo, hipertrofiado, que não vem no sentido pejorativo da palavra.”
Já Álvaro Dias (Podemos-PR) relatou que os senadores propuseram dois compromissos para com o PGR na audiência: preservação dos objetivos da Lava Jato somados a ampliação da estrutura no combate à corrupção em todas as frentes e o não questionamento de sentenças já consagradas.
O PGR afirmou, em webconferência na terça-feira (28), que a operação de Curitiba funcionaria com ‘caixa de segredos’, afirmaçação repudiada pelos procuradores. Os magistrados da força-tarefa no Paraná rebateram dizendo que é falsa.