cedimp otimizado ezgif.com gif to avif converter

Após notificação do MP, Comando suspende programa que mostrava ações policiais no Acre


Após receber uma notificação do Ministério Público para que fosse aberto um procedimento investigatório, o comando da Polícia Militar do Acre (PM-AC) suspendeu o programa “Polícia 190”, que mostrava as ações policiais no estado, como abordagens e outros atendimentos de ocorrências.


O programa começou em dezembro de 2019 após liberação por parte do ex-comandante da PM, coronel Ulysses de Araújo e era transmitido em um canal no YouTube com 230 mil inscritos e mais de 23 milhões de visualizações.


Desde o início, o programa causou bastante polêmica por expor as pessoas que eram abordadas em diversas situações, mesmo que sem mostrar a identificação delas. O canal também já chegou a mostrar o trabalho do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e de médicos nos hospitais do Acre.


Assim que assumiu o comando da PM, após Araújo entregar o cargo no início de julho, o coronel Paulo Cesar Gomes da Silva já sinalizou que iria suspender o programa, segundo informações da assessoria do órgão. A informação é que o novo gestor queria um novo formato para a programação.


“Quando o comandante assumiu, ele já pediu para fazer essa readequação e, posteriormente, a nossa Corregedoria recebeu um documento do Ministério Público pedindo que esclarecesse algumas situações. A intenção do novo comandante não é acabar com o programa, de fato houve a suspensão das gravações, mas para que a gente analise e avalie a melhor forma de dar continuidade”, disse a major Martha Renata, da assessoria da PM.


A polícia informou que não era feito nenhum pagamento por parte do estado para a realização do programa e que ele ocorria de forma voluntária, somente com a autorização de gravação.


Abertura de sindicância


O corregedor da PM-AC, coronel Ezequiel Bino, disse que há cerca de 20 dias o Ministério Público enviou uma requisição para instauração de procedimento apuratório com relação à conduta dos policiais que apareciam nas cenas do programa e também sobre a exposição das pessoas abordadas.


“O Ministério Público requisitou à Corregedoria para que apurássemos a legalidade do programa, haja vista que em determinadas cenas se vislumbra um abuso de autoridade, já que as pessoas abordadas estão sendo filmadas e as filmagens estão indo a público, o que não é permitido por lei. Então, foi requisitada abertura de sindicância, nós abrimos e está em andamento”, disse o corregedor.


Ao final da apuração, as documentações e conclusões devem ser encaminhadas ao MP-AC para tomada de medidas cabíveis. O G1aguarda resposta do Ministério Público a respeito da notificação e se houve abertura de ação por parte do órgão.


“Durante as cenas, além de alguns áudios, o MP identificou que os policiais se dirigem às pessoas abordadas de modo inadequado e também pela divulgação das pessoas. Ou seja, o que está sendo apurado é a conduta durante a abordagem e também a exposição”, explicou Bino.


O prazo para conclusão da apuração é de 30 dias e pode ser prorrogado por igual período. O corregedor disse que não era possível ainda dizer quantos policiais são alvos de investigação.


‘Perseguição’, diz dono de programa


O publicitário e jornalista Eduardo Haddad, idealizador do programa Polícia 190, disse que a suspensão não passa de perseguição por parte de alguns jornalistas que tentam sabotar seu trabalho.


“Na verdade, muitos atrapalham o trabalho de quem quer trabalhar, a perseguição é muito grande por parte de alguns repórteres da imprensa e isso não é de hoje. Vem desde a época que eu fazia o acompanhamento do trabalho do Samu, depois Bombeiros e também dos médicos. É um trabalho voluntário, sem ônus nenhum para o Estado o para o órgão”, disse o publicitário.


Haddad afirmou ainda que o canal não vai acabar e que já recebeu contato de outros estados com intenção de dar continuidade ao projeto. Ele também disse que a suspensão do programa acaba sendo um incentivo à criminalidade.


“De forma alguma o canal vai acabar, infelizmente não temos mais autorização para fazer aqui no Acre, mas estamos no aguardo de Rondônia e Mato Grosso. Estou triste, mas a gente tem que cumprir ordens. O que posso dizer é que o Polícia 190 contribuiu muito para a sociedade acreana, para o Brasil e para o mundo”, concluiu.


A suspensão do programa causou polêmica nas redes sociais. Muitos internautas criticaram e falaram que foi uma forma de censura e politicagem.


Compartilhar

Facebook
Twitter
WhatsApp
LinkedIn

Últimas Notícias