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Um ano após explosão de barco no Rio Juruá, inquérito ainda não foi enviado à justiça

Delegado diz que há indício de crime culposo


No final da tarde de 7 de junho de 2019, em Cruzeiro do Sul, o caminhão de uma distribuidora de combustível parou na margem do Rio Juruá e o motorista lançou uma mangueira, barranco abaixo, até alcançar uma embarcação onde havia 18 pessoas, incluindo um bebê, que seguiriam para Marechal Thaumaturgo.
O veículo lançou 5 mil litros de gasolina pela mangueira. Na embarcação, segundo testemunhas, a manobra de encher os galões plásticos era comandada pelo dono do barco. Mas , no batelão, haviam pessoas manuseando uma bateria as faíscas produziram uma grande explosão que matou 6 pessoas, deixando órfãos , viúvas, dores e consequências.


O inquérito, que já ouviu mais de 40 pessoas ainda não foi enviado à justiça, o que, segundo o delegado Lindomar Ventura, deverá ser feito até o final do mês.
A demora, justifica ele, se deve ao fato, de que teve que esperar várias pessoas retornarem do tratamento fora do Acre, como o dono da embarcação, que ainda será ouvido formalmente pela polícia. A pandemia do coronavírus também dificulta as oitavas.


Homicídio Culposo


Segundo o delegado Ventura há indícios que devem levar ao indiciamento de pessoas por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. “Não houve intenção de matar, mas há sim responsabilização por conduta culposa por imperícia e negligência de acordo com os atos de cada um dos envolvidos como quem forneceu, transportou, abasteceu e permitiu o abastecimento. A lei prevê sim pena de prisão em homicídio culposo”, explica o delegado.
Com base no que for apontado pelo inquérito policial, a denúncia será oferecida pelo Ministério Público, à Justiça acreana.


Paulo Vítor, o guerreiro que perdeu os pais e sobreviveu


Paulo Vítor Ferreira da Silva, há época com 4 anos estava com os pais no barco para voltar para casa, perto de Marechal Thaumaturgo. Depois da explosão, Valdir e Jucicleide morreram com diferença de dias. O menino que teve grande parte do corpo queimado, ficou quase três meses internado, passou por mais de 10 procedimentos cirúrgicos no Hospital João XXIII em Belo Horizonte, é um sobrevivente da tragédia do barco.


Hoje com 5 anos ele mora em Cruzeiro do Sul com uma prima. Não pôde voltar para casa em um seringal perto de Marechal Thaumaturgo porque tem que fazer manutenção na cânula da traqueostomia.
Ele começou a estudar este ano na Creche Padre Frederico. Segundo a prima Eliete Rodrigues, depois do acompanhamento psicológico, a criança está mais animada, mas por causa da fragilidade da pele e do sistema respiratório ter sido muito afetado, ele tem baixa imunidade. Em abril esteve em Rio Branco para uma cirurgia de troca de peça da cânula da traqueostomia, mas por causa da pandemia de Covid-19, o procedimento, que será feito em UTI, teve que ser adiado.
Eliete conta que está desempregada e que o menino não recebe nenhum tipo de benefício oficial. A medicação e os alimentos são comprados com os recursos que o irmão de Paulo Vítor, manda de Marechal Thaumaturgo. Ela pede ajuda para não faltar nada para a criança. “Ele come bem e dependendo da videoconferência com o médico, vamos para Rio Branco e precisaremos de ajuda”. Quem puder ajudar pode entrar em contato com ela pelo número (68) 99203-7273.


Seis vítimas fatais da explosão do barco


Jucicleide Ferreira da Silva, de 42 anos, mãe de Paulo Vítor.
Valdir Torquato da Silva, de 51 anos, pai de Paulo Vítor.
Iohana Silva, oito meses.
Marluce Silva dos Santos, 38, mãe de Iohana.
Antônio José de Oliveira da Silva, de 33 anos.
Simone Souza Rocha, de 24 anos.


Mudanças no transporte


Depois da tragédia da embarcação, Marinha do Brasil, Agência de Transportes Aquaviários (Antaq), Corpo de Bombeiros e outros órgãos se mobilizaram para estabelecer regras para o transporte de passageiros e mercadorias, que só então, passou a ser separado.
Agora o abastecimento das embarcações que transportam combustível é feito exclusivamente no Porto do governo, obedecendo a uma série de normas.


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