Os preços do petróleo subiram nesta quarta-feira apesar do nível recorde das reservas comerciais nos Estados Unidos na semana passada, uma surpresa para o mercado, em meio à progressiva reativação da economia americana.
O barril de Brent do Mar do Norte para entrega em agosto terminou em US$ 41,73 em Londres, alta de 1,3% em relação ao fechamento de terça-feira.
Enquanto isso, em Nova York, o barril do WTI para entrega em julho subiu 1,7%, a US$ 39,60, uma alta de três meses.
De acordo com um relatório divulgado pela Agência de Informação sobre Energia dos EUA (EIA, na sigla em inglês) nesta quarta-feira (10), as reservas de petróleo subiram 5,7 milhões de barris (mb), a 538,1 mb em 5 de junho. Os analistas antecipavam uma queda de cerca de 1,85 mb.
O último recorde de reservas americanas de petróleo aconteceu no final de março de 2017 e alcançou 535,5 mb.
“Temos, neste relatório, uma chuva de dados que vão pesar nas cotações (do petróleo)”, disse Matt Smith, da ClipperData.
“Os estoques de petróleo subiram, e o ritmo das refinarias se viu limitado por uma demanda fraca e por uma margem pequena entre os preços do petróleo e o dos derivados”, explicou o especialista.
Embora as refinarias tenham acelerado um pouco seu ritmo de processamento, chegando a 73,1% da capacidade contra 71,8% na semana passada, ainda é bastante fraco.
“O aumento das importações e a queda nas exportações também contribuíram para o aumento das reservas comerciais” de petróleo, acrescentou Smith.
As importações de petróleo dos Estados Unidos passaram de 6,2 mb por dia (mbd) para 6,8 mbd na semana em questão, enquanto as exportações caíram de 2,8 mbd para 2,4 mbd.
As reservas de gasolina aumentaram em 900.000 barris, quando os analistas esperavam uma queda de 1 mb.
No caso dos produtos destilados, como o combustível para calefação, ou para aviões, as reservas subiram 1,6 mb, abaixo da expectativa de uma alta de 3,5 mb por parte do mercado.
A demanda por energia nos Estados Unidos aumentou em relação à semana anterior, com um consumo médio de 16,3 mbd nas últimas quatro semanas. Ainda assim, é 20,1% menor do que no mesmo período do ano passado.
Enquanto isso, a produção continuou a cair, a 11,1 mbd, seu nível mais baixo desde setembro de 2018.
A queda no consumo, devido à pandemia de coronavírus, e as medidas adotadas para combatê-la levaram os produtores norte-americanos a reduzirem suas atividades de extração.
O que motiva o aumento dos preços? “Os dados da EIA não são muito bons, mas não são tão ruins quanto as previsões da API na noite de terça-feira”, avalia Bart Melek, da TD Securities.
O Instituto Americano de Petróleo, que reúne profissionais do setor de petróleo, estimou na terça-feira que as reservas de petróleo nos Estados Unidos aumentaram cerca de oito milhões de barris.
Também no terminal de Cushing (sul de Oklahoma), onde o petróleo que serve como referência para negociação em Nova York está armazenado, as reservas de petróleo caíram 2,3 mb, para 49,4 mb, segundo o EIA.
– Cortes na produção –
Os preços do petróleo já haviam subido na terça-feira em um mercado que continuava avaliando as consequências de um acordo entre os principais exportadores desta commodity para estender os cortes na produção.
Membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e seus aliados, incluindo a Rússia, concordaram, no último sábado, em prorrogar até julho a redução histórica da produção. A medida está sendo aplicada desde 1º de maio.
Com esse acordo, continuarão retirando em torno de 9,6 milhões de barris diários de produção para manter os preços. Com a redução da mobilidade em todo mundo, por causa da pandemia, os preços despencaram.
A Arábia Saudita e outros países anunciaram, no entanto, que vão retirar em julho os cortes voluntários adicionais ao acordo.
Em entrevista coletiva na segunda-feira, o ministro da Energia da Arábia Saudita, Abdelaziz bin Salmán, lembrou que os cortes voluntários aprovados por seu país, junto com o Kuwait e os Emirados Árabes Unidos, ficariam em vigor por apenas um mês