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Presidente da Fundação Palmares chama movimento negro de ‘escória maldita’

O presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, classificou o movimento negro como “escória maldita”, que abriga “vagabundos”, e chamou Zumbi de “filho da puta que escravizava pretos”. A portas fechadas, Camargo também manifestou desprezo pela agenda da “Consciência Negra”, se referiu a uma mãe de santo como “macumbeira” e prometeu botar na rua diretores da autarquia que não tiverem como “meta” a demissão de um “esquerdista”.


As afirmações do presidente da Fundação Palmares foram feitas durante reunião com dois servidores, no dia 30 de abril. O Estadão teve acesso ao áudio da conversa e apurou que o encontro ocorreu, na tarde daquele dia, para tratar do desaparecimento do celular corporativo de Camargo. Ao ser cobrado pelo ressarcimento do telefone, ele ficou irritado e alegou que o aparelho sumiu no período em que estava afastado do cargo, por decisão judicial.


Sob o argumento de que suas opiniões refletem “liberdade de expressão”, Camargo mais uma vez criticou Zumbi dos Palmares, que dá nome à autarquia. “Não tenho que admirar Zumbi dos Palmares, que, para mim, era um filho da puta que escravizava pretos. Não tenho que apoiar agenda consciência negra. Aqui não vai ter, vai ter zero da consciência negra. Quando cheguei aqui, tinham eventos até no Amapá, tinha show de pagode no dia da consciência negra”, protestou.


Escolhido por Bolsonaro em novembro do ano passado, o presidente da Fundação Palmares teve a nomeação suspensa pelo Tribunal Regional da 5.ª Região após defender a extinção do movimento negro e dizer, entre outras coisas, que o Brasil tem um “racismo nutella”. Em fevereiro, porém, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) acatou recurso da Advocacia Geral da União e ele pôde assumir o cargo. Organizações do movimento negro acionaram, então, a Defensoria Pública da União (DPU), que recorreu da decisão ao STJ, protocolando ação civil pública contra a nomeação.


Discípulo do escritor Olavo de Carvalho, guru do bolsonarismo, Camargo se apresenta no Twitter como um “negro de direita, antivitimista, inimigo do politicamente correto, livre”. Jornalista de formação, ele coleciona polêmicas. Em um post recente, após o assassinato de George Floyd — vítima da brutalidade policial norte-americana –, Camargo afirmou, por exemplo, que “nosso inútil movimento negro tenta importar para o Brasil os atos anarquistas e criminosos do Black Lives Matter, a antifa negra dos EUA”.


Além de já ter considerado a escravidão como “benéfica para os descendentes”, Camargo sempre negou a existência do racismo no Brasil e chamou as cotas raciais de “um absurdo”. Em mais de uma ocasião, o presidente da Fundação Palmares descreveu o Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, como sendo uma data da qual a esquerda se apropriou para propagar vitimismo e ressentimento racial.


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