Chefe do município criticou a reabertura do comércio permitida nesta semana. Cidade já soma 8.632 confirmações do novo coronavírus.
O prefeito de Porto Velho Hildon Chaves criticou a reabertura do comércio permitida nesta semana por meio de decreto assinado pelo governador de Rondônia, Coronel Marcos Rocha (sem partido), e lamentou a falta de alinhamento entre estado e município nas ações de combate ao novo coronavírus na capital. As declarações foram dadas em entrevista coletiva nesta sexta-feira (19).
Na ocasião, o prefeito defendeu um lockdown “de verdade” na cidade para frear o contágio pela Covid-19. Entretanto, afirmou que não tem como fazer cumprir essa medida e disse que isso caberia a “quem tem a polícia na mão”.
“Eu não tenho a polícia e quem tem a polícia na mão foi lá e dois ou três dias depois do tal isolamento restritivo […] chega a notícia na imprensa desautorizando o comandante da PM que não era pra conduzir ninguém e depois no dia dos namorados libera uma série de atividades, o que eu não teria feito. Eu aderi a um decreto mas o decreto não está sendo cumprido até hoje”, disse.
Nesta semana, o Conselho Municipal de Saúde recomendou que o prefeito decretasse distanciamento social ampliado por 14 dias. “Sempre fui [a favor] e é o que vai tirar Porto Velho e Rondônia dessa questão. Agora tem que fazer de verdade, ter pulso ou vamos esperar um ano e morrer mais cinco, 10 mil pessoas até que chega a vacina”, ressaltou.
Ainda durante a entrevista, Chaves fez várias críticas a forma como o governo do estado tem conduzido o enfrentamento a pandemia. Disse, por exemplo, que não foi ouvido na elaboração do último decreto que colocou Porto Velho na fase 2 do plano de reabertura da economia e permitiu o funcionamento de várias atividades.
Ele ainda afirmou que não decretou medidas diferentes das previstas no decreto estadual vigente em nome de uma “harmonia entre as instituições”, mas acredita que Porto Velho deveria estar em uma “fase zero”.
“Não tem outra alternativa. Ou vai morrer muito mais gente ou se faz o isolamento como tem que ser feito”, declarou.
O prefeito também disse que recomendar lockdown extrapola as funções do Conselho Municipal de Saúde e questionou porque o Ministério Público não recomendou a decretação da medida ao Estado.
O governo de Rondônia ainda não manifestou sobre a possibilidade de lockdown sugerida pelo prefeito até a última atualização desta reportagem.
Até quinta-feira (18), Porto Velho é a região com o maior número de infectados: são 8.632 confirmações. Depois vem Guajará-Mirim (834), Ariquemes (817) e São Miguel do Guaporé (617), segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau). Rondônia acumula 13.804 casos confirmados da doença e 374 mortes.
Distanciamento social controlado
O Governo de Rondônia publicou nesta semana o Decreto de Distanciamento Social Controlado, anunciado no último domingo (14). O documento nº 25.138 estende a declaração de Estado de Calamidade Pública em todo o território rondoniense e flexibiliza a abertura gradual do comércio —desde que seja observado o impacto no sistema de saúde pública estadual.
Conforme o governo, a taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e o avanço na confirmação de casos do novo coronavírus são parâmetros para determinar o nível de medidas restritivas em cada município (veja o que abre e fecha em cada fase).
O que é o lockdown?
A palavra “lockdown“ significa confinamento ou fechamento total. Ela vem sendo usada frequentemente desde o agravamento da pandemia da Covid-19.
Embora não tenha uma definição única, o “lockdown” é, na prática, a medida mais radical imposta por governos para que haja distanciamento social – uma espécie de bloqueio total em que as pessoas devem, de modo geral, ficar em casa.
Veja as diferenças dos termos relacionados à reação à pandemia de Covid-19:
- Isolamento social – é, em princípio, uma sugestão preventiva para todos para que as pessoas fiquem em casa
- Quarentena – é uma determinação oficial de isolamento decretada por um governo
- Lockdown – é uma medida de bloqueio total que, em geral, inclui também o fechamento de vias e proíbe deslocamentos e viagens não essenciais
Se um governante impõe um “lockdown”, a circulação fica proibida, a não ser que ela se dê, por exemplo, para compra de alimentos, transporte de doentes ou realização de serviços de segurança.