Após anunciar a chegada de duas cabines de desinfecção, que ajudariam no combate e prevenção à Covid-19 no município de Manoel Urbano, no interior do Acre, o prefeito José Altanízio disse que cancelou a compra do equipamento após uma orientação do Ministério Público Estadual (MP-AC).
“Cancelei a compra das cabines porque a promotora recebeu recomendação do Conselho Regional de Medicina (CRM) que o produto que vem não é eficaz e não tem comprovação de segurança e pode causar efeitos colaterais. Então, liguei para a empresa e cancelei e não vamos instalar mais a cabine”, disse o prefeito.
O município, que tem uma população estimada de 9.459 pessoas, registrou dois casos do novo coronavírus, conforme anunciou o prefeito nesta segunda-feira (1º), que reforçou as medidas de isolamento social e afirmou que pediu ajuda do exército para ajudar na barreira sanitária montada no porto da cidade que continua fechada, e tem o uso de máscara obrigatório.
Apesar do prefeito confirmar dois casos, a Secretaria de Saúde registrou apenas um caso até esta segunda-feira (1º).
O prefeito tinha anunciado a compra das cabines de desinfecção na segunda quinzena de maio e tinha como data prevista para chegar no dia 23 de maio. Com o atraso, seguido da recomendação do MP, Altanízio disse que cancelou a compra.
“Eu tenho que ter tudo direitinho, o MP recomendou e cancelei. Eles [empresa] questionaram que já estavam chegando em Porto Velho, mas não quero mais porque recebi essa orientação e eu não vou arriscar e suspendi a compra”, complementou.
Sem eficácia
A promotora de justiça do município, Bianca Bernardes de Moraes, informou que recebeu um ofício do Conselho Regional de Medicina (CRM) informando que a cabine ainda não tinha comprovações de eficácia e que o uso dela em pessoas poderia causar prejuízos à saúde.
Depois de receber as informações do CRM, que também apresentavam uma nota técnica da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), entrou em contato com o prefeito para marcar um reunião e fazer a recomendação formalmente, mas ele tomou a decisão de suspender apenas com a recomendação verbal, informou a promotora.
“Essa nota da Anvisa diz que não foram encontradas evidências científicas de que o uso dessas estruturas sejam eficazes no combate [à Covid-19] e só recomenda o uso sobre superfícies inanimadas, não sobre pessoas e diz ainda que a borrifação dos produtos sobre seres humanos teria potencialidades para causar lesões térmicas, respiratórias e oculares”, informou.
A promotora acrescentou que, além dos prejuízos que pode causar a saúde, também era necessário levar em consideração o emprego de dinheiro público na compra dos equipamentos.
“Como ele ainda não tinha pago, resolveu suspender. Também acabei me surpreendendo porque as cabines até então pareciam ser uma boa proposta, mas tomamos notícia de que o produto que é usado não tem eficácia comprovada, então estamos falando de dinheiro público e ele entendeu por bem suspender a copra em um contato informal que nós tivemos”, concluiu.
*Outra medidas*
Desde a última quinta-feira (28) está em vigor no município o decreto que determina multa a quem circular pela cidade sem máscara.
“Não queremos multar ninguém e espero que não sejam multados, um povo sofrido desses. Então, estamos orientando para tentar de todas as formas que não aconteça. Mas, eles estão obedecendo”, concluiu.
O Acre registrou 6.326 até segunda-feira (1º), segundo boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre). O primeiro caso da doença em Manoel Urbano foi registrado no sábado (30) e nesta segunda-feira (1º) o prefeito informou que foi registrado mais um caso, mas ele ainda não aparece no relatório oficial da Saúde.