O Centro de Atendimento à Vítima (CAV) do Ministério Público do Acre (MP-AC) começou a ouvir adolescentes que teriam sido assediadas pelo coronel da Polícia Militar do Acre Elissandro do Vale. Ao G1, a coordenação do CAV disse que já ouviu duas meninas, mas não divulgou a faixa etária delas
O caso de assédio veio à tona na noite de terça-feira (9), quando um perfil no Twitter chamado “Exposed Rio Branco” ganhou centenas de visualizações e comentários após denúncias de garotas contra um coronel.
Um vídeo que viralizou na web, gravado por uma menor de 15 anos, mostra o momento em que ela é abordada pelo homem, que seria o coronel, e mesmo ela dizendo a idade, ele insiste em conversar.
Nas imagens, o rosto do homem não aparece, mas pela voz ele foi identificado por outras mulheres. No vídeo, ele pergunta se a menina já namorou e diz que não tem problema ela passar o contato para ele. O homem diz ainda que “seria errado se ela tivesse 13 anos”.
Na mesma postagem, diversas meninas contaram que já foram abordadas pelo mesmo homem e, inclusive, algumas dizem ainda que ele as seguia até a porta de casa. Além disso, o coronel se apresentava ainda como advogado.
Depois da ampla divulgação, diversos internautas lembraram que o hábito do coronel é antigo, o que lhe garantiu o apelido de “fome de amor”.
Em entrevista ao G1 no dia seguinte, quarta (10), o coronel negou que tenha cometido assédio e diz que “é normal” um homem solteiro abordar e conversar com uma mulher. Em janeiro do ano passado o coronel foi nomeado para trabalhar no gabinete do governador do Acre.
Atendimento
Após a repercussão do caso, o CAV divulgou nas redes sociais que está ouvindo e atendendo mulheres e adolescentes que tenham se sido assediadas pelo coronel.
A coordenação do centro informou que ainda está em fase de conhecimento dos fatos para saber se houve ou não crime por parte do coronel. Por estar em sigilo, o CAV não divulgou mais detalhes sobre a situação relatada pelas vítimas.
Adolescente gravou vídeo de assédio
Coronel afastado
O comando da PM-AC destacou que o coronel está afastado das funções há seis meses por motivo de saúde. Mesmo assim, o comandante da corporação, coronel Ulysses Araújo, acrescentou que encaminhou toda documentação relatando o caso para a corregedoria da PM.
“O comando da Polícia Militar, bem como os integrantes da nossa corporação, não compactuam com o que foi demonstrado e amplamente divulgado na mídia e redes sociais. Tudo será apurado, todavia a lei determina o devido processo legal que preconiza o contraditório e ampla defesa”, afirmou.
O G1 entrou em contato com o coronel Elissando do Vale, um homem atendeu alegando que não era ele. Ao explicar sobre o que se tratava o contato, a pessoa informou que não tinha conhecimento dos fatos e que o coronel não estava no momento.
O comando da PM detalhou ainda que apura se já houve algum registro na corregedoria contra o coronel pela situação.