EUA concentram 54% de todos os casos de Covid-19 nas Américas e Brasil, 23%; ‘Não vemos desacelaração de contágio’, afirma diretora da Opas

A diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) para as Américas, Carissa F. Etienne, afirmou, em entrevista à imprensa nesta terça-feira (16), que adesaceleração de casos na região não está ocorrendo.


“Atualmente os EUA concentram 54% de todos os casos das Américas, Brasil concentra 23% de casos e 21% de todas as mortes. Não estamos vendo uma desaceleração de contágio”, afirma a diretora da Opas, Clarissa Etienne.


Ela demonstrou preocupação com as regiões de fronteira, citou a escalada de casos nos estados brasileiros do Norte que fazem fronteira com a Guiana Francesa e Suriname, e afirmou que os países precisam lidar com a pandemia de forma conjunta.


Ela relata que houve um aumento de casos na Guiana Francesa no mesmo período de escalada da Covid-19 nos estados brasileiros da região.


“Há contágio ativo em estados do norte do Brasil que fazem fronteira com Guiana e Suriname”, afirmou Etienne. “Guiana passou de 140 casos a 1326 em um mês, período que coincide com aumento de contágios nos estados que fazem fronteira no Brasil e aumento de casos no Suriname”, afirmou.


Antes da Covid-19, os estados brasileiros fronteiriços a outros países já abrigavam populações vulneráveis, como indígenas, comunidades remotas e refugiados, afirma Etienne. Ela relata que a região precisa ser observada com atenção, porque abriga poucos hospitais, e tem laboratórios e clínicas médicas pequenos.


“A pandemia acentua vulnerabilidades e o aumento de propagação nestas zonas é motivo de preocupação grave e ação imediata”, diz Etienne.


Para conter a pandemia e proteger a população, os países devem trabalhar em conjunto, afirma a diretora da Opas.


América Latina terá pandemia mais longa que a Europa, alerta entidade


O diretor para doenças infecciosas da Opas, Marcos Espinal, alertou também que, se as medidas para conter a disseminação do vírus não forem adotadas ou reforçadas, a região terá uma pandemia mais longa que a Europa.


“Tudo indica que, se as medidas de mitigação recomendadas pela OMS e pela Opas não forem adotadas ou reforçadas, [a pandemia] pode durar muito mais tempo que na Europa. A epidemia ainda não passou do pico na América Latina”, alertou Espinal.


Ele destacou, ainda, que a região deve ver uma “onda importante” dadoença nos meses de junho e julho, e lembrou a necessidade de continuar as medidas de prevenção. Espinal pontuou, ainda, a diferença nas características latinoamericanas e europeias.


“As comparações sempre são um pouco delicadas, e não é bom fazer comparações, já que são regiões completamente diferentes: a Europa com países de mais recursos, América Latina com suas inequidades e países de menos recursos, cidades muito urbanizadas”, lembrou.


O diretor-assistente da Opas, Jarbas Barbosa, destacou que a região tem proporções de pobreza e de trabalho informal grandes, e que garantir condições de sustento à população mais pobre era essencial para manter as medidas de isolamento.


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