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Vereador que era contra isolamento muda de ideia após perder pai para covid

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Pouco mais de um mês após defender a abertura do comércio no início da pandemia do novo coronavírus no Pará, o vereador de Belém Sargento Silvano (PSD) teve dez pessoas da família infectadas com a covid-19. O pai dele, o aposentado Francisco Rodrigues Lopes, de 65 anos, não resistiu e morreu ontem, entrando para a estatística que contabiliza 1.330 óbitos pela doença no estado. São 14.734 infectados.



A defesa pelo fim do isolamento social ocorreu em 27 de março, em uma rede social. O vereador escreveu que, em um mês, “todos” iriam ver que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) “tinha razão” sobre a abertura imediata do comércio como medida para “preservar os empregos”.


“Meus amigos (as), com 30 dias todos verão que o presidente Bolsonaro tinha razão (abertura imediata do comércio). Como parlamentar estou preocupado, e espero que em breve, o governador e os prefeitos apresentem medidas aceitáveis para preservar os empregos. Oro a Deus por isso!”, publicou.


Depois da defesa ao presidente, neste período, dez pessoas da família do vereador adoeceram, incluindo ele, a esposa e os filhos. O pai ficou 32 dias com a covid-19, sendo 22 internado e 14 sob respiração mecânica.


Ao ter a família atingida pelo novo coronavírus, o vereador mudou a postura. Em 20 de abril, ele publicou nas redes sociais: “Isso não é uma gripinha (sic), como disse o Bolsonaro. O presidente mente para o povo brasileiro. Bolsonaro perdeu o meu respeito! Falo de tudo que tenho sofrido com minha família nesses últimos dias”.


Em entrevista ao UOL, Sargento Silvano confirmou que agora defende o isolamento social. Para ele, não adianta preservar os empregos se a pessoa “não vai levar nada” ao morrer com a doença.


“Agora defendo o lockdown. Meu pai, por exemplo, construiu um patrimônio, mas quando foi enterrado não levou nem a roupa do corpo. Foi enterrado no lençol do hospital e em um saco. O que significa isso? Que defendo o isolamento e lockdown. O emprego é importante, mas se tu morrer, vai sem nada, como aconteceu com meu pai. Estão brigando para abrir o comércio, mas se tu morrer, não vai levar nada, amigo”, declarou. “Todo mundo subestimou e não acreditou, mas a morte chegou.”


O vereador diz acreditar na ciência. Ele, inclusive, não recomenda a azitromicina e hidroxicloroquina – remédios defendidos por Bolsonaro – por não haver estudos que indiquem a eficácia das medicações.


“Se fossem os remédios ideais para combater isso, não teríamos milhares de mortos. A pessoa tomaria e ficava bom. Como não temos a vacina, o único remédio é o distanciamento social e ele [Bolsonaro] não tem pregado isso. Não vê as manifestações em Brasília? Me revoltei porque fui uma vítima e hoje ainda mais porque perdi um familiar meu”, avaliou o vereador que, depois de curado, passou a andar por bairros de Belém para desinfectar as ruas. Ele pontua que por enquanto não pensa em reeleição, apesar de o processo de renovação do mandato “ser algo natural”.


“O emprego é importante, mas, se tu morrer, vai sem nada”, diz o vereador
Imagem: Arquivo pessoal
“Montei uma equipe, comprei um purificador e estamos desinfectando os bairros, com dinheiro do próprio bolso, além da distribuição de alimentos. O que eu puder fazer, farei”, afirma.


Covid-19 faz vereador romper com Bolsonaro


O vereador Silvano foi um dos mais notáveis apoiadores de Jair Bolsonaro no Pará durante a campanha eleitoral de 2018. A relação entre eles resultou em uma honraria aprovada em 2019 na Câmara Municipal que declarou o presidente


como Cidadão de Belém. “Vou ver como tento cancelar isso”, adiantou parlamentar. Silvano afirmou ao UOL que “era Bolsonaro por parte de pai e mãe”, mas que agora “é totalmente contra”. O rompimento foi motivado pela postura do presidente sobre a pandemia. “Sou totalmente contra o Bolsonaro hoje, por uma postura louca dele, sem limites. Consegui graças a Deus abrir os meus olhos. Quem fala isso é um cara que deu um título a ele e o conhecia antes de ser candidato, ainda em 2017. Ninguém falava dele e tínhamos um relacionamento bom. Cheguei a andar com ele pelo Pará”, comentou. “Fiquei muito triste com a postura dele, totalmente contrária da realidade, que é o pobre morrendo e o governo federal não investindo o recurso necessário”, complementou. O rompimento gerou críticas de simpatizantes nas redes sociais do vereador, atuante em várias plataformas. “É fácil criticar quando o problema não chega na sua casa. Minha posição hoje é humanitária e não política. Luto hoje a favor da vida. Se as pessoas estão morrendo, tenho que esquecer o Bolsonaro. Que os críticos não sintam na pele a perda de um pai”, finalizou.


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