Com três tentativas de fuga em uma semana, baixo efetivo e danos na estrutura do Complexo Prisional Francisco d’Oliveira Conde (FOC), em Rio Branco, a Associação dos Policiais Penais teme uma rebelião ou fuga em massa na unidade.
A informação foi repassada ao G1, nessa segunda-feira (18), quando o presidente da associação, Éder Azevedo, entregou um ofício na sede do Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen-AC) descrevendo as dificuldades e fragilidades do complexo.
Semana passada, o FOC registrou três tentativas de fuga, sendo a última frustrada no domingo (17) no pavilhão P.
Entre as fragilidades, Azevedo destacou a falta de equipamentos, como rádio de comunicação interna; danos na estrutura dos pavilhões onde foram registradas as tentativas de fugas e o baixo efetivo devido ao afastamento de servidores com a pandemia de Covid-19.
“Não existe rápido HP, o efetivo é baixo, principalmente com essa pandemia chegou a ter dia com um policial por prédio, que é muito frágil e construído de tijolo maciço, para quem trabalha em presídio sabe que o preso cava e faz um buraco. É uma estrutura diferente da chapa, que tem nos pavilhões J, K e L que é concreto armado”, criticou Azevedo.
O diretor-presidente do Iapen, Arlenilson Cunha, disse que vai apreciar o ofício enviado pela associação. Sobre o efetivo, ele confirmou que muitos policiais que estavam acometidos com a Covid-19 já retornaram para o trabalho.
“Temos mais 30 policiais [da escolta] empregados nas guaritas. Isso tem surtido efeito, porque nas fugas os guaritas têm atuado de forma importante. As outras fugas foram impedidas com disparos. Temos as guaritas ativadas 24 horas”, frisou.
Cunha ressaltou que o Iapen-AC tem distribuído Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para os servidores de todas as unidades.
“Fizemos aquisição de tecidos, estão em confecção na unidade feminina e vamos distribuir máscaras de tecido de forma permanente e acautelada ao servidor. Sobre os rádios HP, estamos em processo de aquisição e acredito que em breve vamos entregar. Devido à pandemia, tivemos problemas nas notas, mas foram sanados”, garantiu.
Servidores afastados
O Iapen-AC é o setor da Segurança Pública mais afetado pela pandemia do novo coronavírus. Dados até essa segunda mostram que 192 servidores já foram considerados casos suspeitos, destes, 84 foram confirmados com a doença (81 são policiais penais e três http://ecosdanoticia.net/wp-content/uploads/2023/02/carros-e1528290640439-1.jpgistrativos).
O Iapen disse ainda que 45 servidores já estão curados da doença, dentre eles 42 são policiais penais. Há ainda 24 casos em análise.
Aumento do banco de horas
Como solução para amenizar a falta de efetivo, a associação sugeriu que a http://ecosdanoticia.net/wp-content/uploads/2023/02/carros-e1528290640439-1.jpgistração da unidade prisional aumente o banco de horas para que os policiais possam cobrir os turnos e não, por exemplo, um policial para cobrir um pavilhão todo.
“Em uma crise dessa, tem policial afastado, fora os 81 afastados que são do grupo de risco. Talvez, uma forma para amenizar isso seria disponibilizar mais banco de horas, ao invés de aumentar estão diminuindo. Então, não tem como, é muito prédio, muito preso para pouco efetivo. No FOC são mais de 4 mil presos,” acrescentou.
Azevedo disse ainda que uma fuga em massa na unidade pode chegar a contar com a saída de 150 a 200 presos, caso nada seja tomada uma medida de imediato.
“Nossa preocupação é que tomem medidas para melhorar, como essa do BH para aumentar. Se não tomarem nenhuma providência, vai acontecer e, lá na frente, vão culpar o policial penal por baixo efetivo. Foi avisado, é humanamente impossível”, concluiu.