O jornal norte-americano Washington Post repudia a maneira como Jair Bolsonaro vem lidando com a crise no coronavírus, que atinge 6,9 mil pessoas no Brasil, com 247 mortes – em nível mundial são 961 mil casos e 49 mil mortes. De acordo com a reportagem, “a resposta do governo tem sido uma mistura de desatenção presidencial, disputas internas e sinais contraditórios que os especialistas em saúde temem que possam trazer consequências devastadoras”.
“Os estados mais populosos, na costa sudeste do país, fecharam efetivamente. Mas o presidente Jair Bolsonaro chamou a crise de “fantasia” impulsionada por ‘um pouco de frio’. Em discurso nacional na semana passada, ele pediu aos brasileiros que retornem às ruas, comércio e escolas. Então ele se gabou de que, se estivesse infectado, venceria a doença com sua força física atlética”, diz.
“A inação federal superou uma crise política em uma crise de saúde pública à medida que o número de casos dispara”, acrescenta.
Jair Bolsonaro vem sendo muito criticado pela maneira como vem lidando com a crise, ao pedir que as pessoas retornem ao trabalho, para não prejudicar a economia. Na última segunda-feira (30), pelo 14º dia seguido, ele foi alvo de protestos conhecidos como “panelaços”.
No último domingo (29), ele andou pelas ruas de Brasília (DF) e já havia convocado as pessoas para os atos do dia 15 de março contra o Congresso Nacional e contra o Supremo Tribunal Federal, enquanto autoridades de Saúde pedem que as pessoas evitem aglomerações para diminuir a propagação do coronavírus.
Em um dos seus pronunciamentos, no último dia 24, Bolsonaro classificou o coronavírus como uma “gripezinha” ou “resfriadinho”. “O grupo de risco é o das pessoas acima de 60 anos. Então, por que fechar escolas? Raros são os casos fatais de pessoas sãs com menos de 40 anos”, acrescentou.
Antes dos atos do dia 15, o ocupante do Planalto afirmou, durante evento em Miami (EUA), que é “muito mais fantasia, a questão do coronavírus, que não é isso tudo que a grande mídia propala ou propaga pelo mundo todo”.
A situação no Brasil pode piorar ainda mais porque há muitos casosque não são contabilizados. De acordo a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), que representa 6.000 médicos atuando em 47,7 mil equipes de atenção básica em todo o Brasil, muitos doentes não entram nas estatísticas por causa da falta de kits para testes e da inexistência de uma portaria específica do ministério da Saúde para determinar quais casos devam ser confirmados ou suspeitos.