Apontando o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), como inimigo, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) está buscando atrair para sua base de apoio partidos de Centro e de Direita, como PP, Republicanos, PSD, MDB e até o ex-deputado Roberto Jefferson, presidente do PTB, além de iniciar conversas com o presidente do DEM, ACM Neto, da Bahia. Mesmo o Solidariedade, ligado a Paulinho da Força Sindical, identificado como de esquerda, está sendo chamado a participar do novo bloco.
Com o PL, do ex-deputado Valdemar Costa Neto, já havia bom diálogo e o político fez indicações para diretorias de estatais. A ideia é reduzir o poder de Rodrigo Maia e impedir que ele seja reeleito para a Presidência da Câmara Federal em 2021, com a escolha de um aliado de Bolsonaro.
A aproximação com Jefferson e Costa Neto é um dos pontos de discórdia com o ministro demissionário da Justiça, Sérgio Moro. Ao que tudo indica, o ex-juiz identifica na busca pela troca do comando da Polícia Federal a tentativa de dar espaço aos mensaleiros e seus aliados, o que contraria todo o discurso contra a corrupção que foi fundamental para a eleição de Bolsonaro. Homem que denunciou o mensalão e que há poucos dias afirmou que estaria havendo um plano de Rodrigo Maia para desestabilizar o governo, estaria cotado para ser ministro do Trabalho, para o que a pasta deixaria de estar atrelada à da Economia para ganhar vida própria.
Outro motivo para que o presidente queira mudar a chefia da PF é que a Justiça no Rio de Janeiro mandou prosseguir as investifações contra um dos filhos de Bolsonaro, o senador Flávio, quanto à suspeita da prática da “rachadinha”, que é a de dividir o salário de servidores de confiança com quem o nomeia.
Outras fontes argumentam, entretanto, que Bolsonaro desejava que a Polícia Federal agisse contra Maia, a respeito do qual haveria evidências de má conduta moral, e que a PF, sob o comando de Maurício Valeixo, indicado por Moro, não estaria se mobilizando para isso.