Segunda fase das investigações pelo Departamento de Inteligência da Polícia Civil (DI) pode chegar a prefeituras do interior onde, supostamente, as empresas ligadas à família do deputado Manoel Morais se especializaram em licitações com vícios. Mais empresários e servidores públicos podem entrar no rol de suspeitos. Considerados foragidos pela Justiça, Cristian e Manoel se entregaram sorrindo a polícia na tarde deste sábado (11), junto com seus advogados.
Mitocôndria, o nome dado à primeira operação de combate a corrupção na gestão do governador Gladson Cameli, está relacionado ao fato de que as empresas investigadas – além do seu núcleo central – espalharam células em cidades sedes no Estado do Acre. Como relatou o coordenador da operação, delegado Alcino Júnior, os mandados de busca e apreensão, as prisões executadas, são peças da fase inicial de uma investigação que pode chegar a mais empresários e servidores públicos que agiam em conluio.
Não está descartado o envolvimento do núcleo de licitações do Estado. O excesso da prática de caronas licitatórias, embora permitido por lei, neste caso, será alvo da investigação. Indagado durante entrevista coletiva, o delegado titular do caso, disse que “para que os contratos aconteçam é preciso existir os certames”.
O efeito carona consiste na contratação baseada num sistema de registro de preços em vigor, mas envolvendo uma entidade estatal, dele não participante originalmente, com a peculiaridade de que os quantitativos contratados não serão computados para o exaurimento do limite máximo.
Os computadores, pendrives, documentos, celulares, CPUs, vistos pelos investigadores, levam técnicos do departamento de Inteligência (DI) a uma nova fase de apuração que visa a constatação das denuncias até aqui amplamente divulgadas e, ainda, chegar nos braços da suposta organização criminosa.
E não precisa ser nenhum Sherlock Holmes para concluir que o esquema é antigo e vinha sendo estrategicamente pensado. Para chegar aos núcleos da operação no Acre é como estudar as duas membranas lipoproteicas da mitocôndria, ou seja, dois polos estratégicos foram criados para dar sustentação a corrupção.
Segundo o que a reportagem apurou com ajuda de empresários que chegaram a ser convidados para participar do esquema e preferiram “tirar o corpo fora”, as cidades de Tarauacá e Xapuri, nas regionais do Envira, Baixo e Alto Acre, podem ter funcionado biologicamente falando, como as cristas mitocôndrias, como fonte de “energia” ao núcleo central do grupo criminoso, supostamente instalado em Rio Branco.