Capitalismo selvagem: EUA pagam mais e desviam equipamentos médicos com destino ao Brasil, Alemanha e França

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recorreu a uma lei da época da Guerra da Coreia, em 1950, para oficializar uma política de capitalismo selvagem pagando mais para desviar equipamentos médicos de combate ao coronavírus que tinham como destino o Brasil, a França e a Alemanha.


Segundo reportagem da BBC Brasil neste sábado (4), os EUA estão sendo acusados pelo governo alemão de confiscar em Bangcoc, na Tailândia, um conjunto de 200 mil máscaras que tinham como destino original a Alemanha, em um ato descrito como “pirataria moderna”.


As máscaras, modelo FFP2, que haviam sido encomendadas pela polícia de Berlim, não teriam chegado a seu destino final. Andreas Geisel, ministro do interior da Alemanha, disse que os equipamentos foram “desviados” para os EUA.


“Não é assim que se lida com parceiros transatlânticos”, disse o ministro. “Mesmo em momentos de crise global, não é correto usar métodos do ‘velho oeste’”, disse Geisel.


Nesta sexta-feira (3), a 3M, empresa estadunidense que produz as máscaras, foi proibida por Trump de exportar seus produtos médicos para outros países.


“Precisamos destes ítens imediatamente para uso doméstico. Precisamos tê-los”, disse Trump, ressaltando que autoridades americanas estocaram aproximadamente 200 mil máscaras modelo N95, além de 130 mil máscaras cirúrgicas e 600 mil luvas.


Bahia


No Brasil, uma carga de 600 respiradores artificiais encomendada de um fornecedor chinês por estados do nordeste brasileiro não pode embarcar do aeroporto de Miami, onde fazia escala, para o Brasil.


Em nota, o governo da Bahia informou que “a operação de compra dos respiradores foi cancelada unilateralmente pelo vendedor”.


O valor final da compra, de R$ 42 milhões, ainda não havia sido pago pelo governo baiano. A suspeita é de que os EUA tenham oferecido um valor mais alto pelos produtos.


França


Na França, líderes regionais dizem ter muita dificuldade para garantir equipamentos médicos, já que compradores dos EUA estariam “furando a fila” ao oferecer valores de compra mais altos que os já assinados.


A presidente da região da Île-de-France, Valérie Pécresse, comparou a disputa por máscaras com uma “caça ao tesouro”.


“Encontrei um estoque de máscaras disponíveis e os americanos – não estou falando do governo americano – ofereceram o triplo do preço e se propuseram a pagar adiantado”, disse Pécresse.


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