Carlos Romero, ex-ministro de Governo do ex-presidente boliviano Evo Morales, foi detido e levado para a sede do Ministério Público (MP) da Bolívia ontem (14), para prestar declarações sobre suposto envolvimento em um caso de corrupção na Unidade Executora de Luta Integral contra o Narcotráfico (Uelicn).
Ele é acusado pelos delitos de não cumprimento de deveres e tráfico de influência.
Romero estava internado, por desidratação severa, em um hospital em La Paz, desde o dia 10 de janeiro. Ontem, após receber alta, foi detido e levado para prestar depoimento. Na semana passada, ao chegar ao hospital, ele afirmou que estava sendo perseguido por “grupos de choque” que haviam tentado sequestrá-lo.
“Eles me sequestraram na minha casa, sou um perseguido político, atualmente sou um símbolo de perseguição política, não tenho garantias”, afirmou semana passada.
Ontem, ao chegar à sede do MP, disse que “isso é injusto porque de denunciante passei a denunciado e tomarei as medidas legais”.
No twitter, Evo Morales defendeu seu ex-ministro. “Sob o comando de Carlos Romero, denunciamos em nosso governo atos de corrupção na Unidade Executora de Luta Integral contra o Narcotráfico (Uelicn), e agora descobrimos que somos os acusados. O que o regime de fato de Áñez [Jeanine Áñez, presidente da Bolívia] quer não é justiça, é vingança e impunidade”.
Romero foi denunciado pela deputada Rosemary Sandoval e, por duas vezes, não compareceu para prestar declarações sobre o caso. Sandoval acusa Romero e outras cinco pessoas de se beneficiarem indevidamente por conta dos cargos, além de uso indevido de influências, negociações incompatíveis com o exercício de funções públicas, resoluções contrárias à Constituição e descumprimento de deveres.
Os atos de corrupção se referem a irregularidades nos processos de licitação para a manutenção das aeronaves Hercules C-130 da Força-Tarefa Black Devils e dos helicópteros da Força-Tarefa Diablos Negros. Romero é acusado de favorecer a empresa Horizontal Aviation Company Bolivia SRL, responsável pela manutenção das aeronaves. Romero espera julgamento e passou a noite de ontem na sede da Força Especial de Luta contra o Crime.