Utre completa dez anos como referencial em tratamento de resíduos na Amazônia

Dados do Ministério do Meio Ambiente apontam que quase 60% dos municípios brasileiros não dão destino adequado ao lixo que produzem.  Outra pesquisa, realizada pela Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), mostrou que o Brasil produz quase 37 milhões de toneladas de lixo orgânico anualmente, e apenas 1% é reaproveitado.


Na contramão deste panorama, Rio Branco conta com a Unidade de Tratamento e Disposição de Resíduos Sólidos (Utre), há dez anos. Inaugurada em 23 de outubro de 2009, a Utre de Rio Branco foi a primeira da região norte e a terceira do Brasil. Atualmente opera no tratamento de 245 toneladas de lixo domiciliar, por dia. Depois de ser pesado, todo esse resíduo passa por processo de compactação, segue para uma espécie de lagoa de tratamento de chorume, onde ele é drenado, assim como o gás que é produzido durante o processo. Por sua vez, esse gás é queimado de forma controlada, reduzindo consideravelmente os impactos ambientais.


“A Utre é uma referência desde sua implementação. Rio Branco continua sendo o único município acreano a ter uma unidade específica de tratamento de resíduos sólidos. Antes mesmo de existir a Política Nacional nós já tivemos a preocupação com a saúde pública e com os graves impactos ambientais que pode acarretar manter o lixo a céu aberto”, enfatizou o secretário municipal de Meio Ambiente, Aberson Carvalho.


A Utre também conta com uma Unidade de Compostagem, que transforma em adubo todo lixo orgânico deixado lá por grandes geradores, como restaurantes ou supermercados, por exemplo. Esse resíduo passa por uma inspeção prévia, e depois utilizando três métodos é produzido o adubo.


Esse adubo é utilizado pela prefeitura para arborização da cidade, cuidados com os canteiros, produção de mudar, realização do projeto Plantando com os curumins e é doado aos produtores rurais da cidade.


Política na ponta


Em 2017, a prefeitura de Rio Branco criou a Política Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, regulamentada pela Lei N° 2.258. Essa norma estabelece as ações a serem executadas, como por exemplo, a implantação de Ecopontos e a Área de Triagem e Transbordo de Resíduos que serão entregues até o final do ano.


“Também estamos fazendo estudos financeiros para ampliarmos os Ecopontos em nossa cidade. O Ecoponto do Tucumã, inaugurado em 2017, é uma referência para aquela região. Além disso, o plano fortalece a Utre com a construção da 1° etapa da terceira célula que entregamos em julho e a segunda etapa para o ano de 2020. Sabemos também da importância de iniciarmos a coleta seletiva em nossa cidade. Rio Branco se prepara para isso, todas essas ações são etapas desse processo”, declarou a prefeita de Rio Branco, Socorro Neri.


O papel dos catadores


Os catadores de lixo são atores fundamentais no processo de coleta e destino. Visando fortalecer e valorizar o trabalhado realizado por eles, a prefeitura garantiu a construção de um espaço adequado e equipado para os integrantes do Projeto Catar, uma cooperativa de catadores. Lá eles reaproveitam e revendem todo material oriundo do lixo seco, como papel, garrafa pet, latinhas e etc, que vêm do Ecoponto do Tucumã.


Além deste espaço físico próprio, uma das cooperadas fica na Utre. É a Dona Roseane Nonata Maciel. Casada, mora no bairro Montanhês com o marido, dois filhos e uma neta. O que ela separa na Utre é sua única fonte de renda. “Eu faço isso há mais de dez anos. Quando essa unidade foi criada eu vim logo pra cá. Aprendi na prática a separar os resíduos, selecionar e armazenar. A equipe daqui me ajuda em tudo, por isso estou a tanto tempo”, enfatizou.


Responsabilidade compartilhada


A Engenheira Florestal Cristina Lacerda integra o time de pessoas que faz questão de separar o lixo seco do lixo orgânico. Ela conta que se juntou com mais dois vizinhos, para separar o material e deixar no Ecoponto. “A gente separa, limpa e junta tudo, e de 15 em 15 dias a gente deixa no Ecoponto. É um costume antigo. Sempre tive muita angústia com essa questão do lixo, para onde ele vai. Acredito que fazendo a nossa parte colaboramos muito”, conclui.


 


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