Ícone do site Ecos da Noticia

Por não ter recebido cópia do processo, Justiça do Piauí suspende julgamento de Hidelbrando Pascoal por crime ocorrido há mais de 20 anos.

O ex-deputado e ex-comandante da Polícia Militar do Acre, Hildebrando Pascoal, chegou ao Fórum Criminal, em Rio Branco, na manhã desta quarta-feira (11), para ser ouvido pela Justiça do Piauí por ter planejado a morte de José Hugo em 1997, homem que matou seu irmão no anterior.


Porém, o julgamento foi suspenso porque Justiça do Piauí pediu o adiamento do julgamento por não ter recebido, em tempo hábil, a cópia do processo.


O processo corre na Vara Única da Comarca de Parnaguá (PI) e a sessão vai ser presidida pelo magistrado José Sodré Ferreira Neto e conta com apoio do Tribunal de Justiça do Estado do Acre (TJ-AC).


O advogado Valdir Perazzo acompanhou o acusado, mas disse que só o acompanhou, mas a defesa deve ser feita também no PI.


Além de Pascoal, o ex-policial Raimundo Alves, mais conhecido como “Raimundinho”, acusado de envolvimento no mesmo crime, também deve ser ouvido. Os dois chegaram ao fórum logo nas primeiras horas da manhã e entraram pela parte de trás do prédio. Agora, o júri avalia se continua ou não o julgamento de Alves.


P U B L I C I D A D E



Por videoconferência, eles seriam interrogados durante o júri popular, que ocorre no Tribunal de Justiça do Estado do Piauí (TJPI). A sessão estava marcada para começar às 6h [horário do Acre], mas foi passada para às 8h [horário do Acre]. Nenhum magistrado deve acompanhar o julgamento.Pascoal, que já é condenado por liderar um grupo de extermínio que atuou no Acre na década de 90, agora vai ser julgado por ter matado José Hugo por vingança pela morte de seu irmão.


Em 30 de junho de 1996, Itamar Pascoal, irmão de Hildebrando, foi morto com um tiro por José Hugo durante uma discussão em um posto de gasolina e Agilson Santos Firmino, conhecido por “Baiano”, presenciou a cena.


A partir disso, Pascoal, que era coronel da PM, teria agido por vingança, conseguindo localizar o assassino do irmão em janeiro de 1997 na fazenda Itapoã, no município de Parnaguá (PI).


José Hugo foi levado para o município de Formosa do Rio Preto (BA), onde foi torturado e morto com requintes de crueldade, sendo ferido, inclusive, com ácido.


O ex-deputado também é acusado de sequestro e cárcere privado praticado contra Clerisnar dos Santos e seus dois filhos menores. Esposa e filhos de José Hugo respectivamente.



Caso Motosserra

Depois da morte do irmão, Hildebrando fez uma verdadeira caça às bruxas para encontrar José Hugo e, antes disso, cometeu um dos crimes mais conhecidos: “O crime da motosserra”.


O autônomo Agilson Firmino foi sequestrado, torturado e teve os membros amputados por uma motosserra. O filho dele, Wilder Firmino, que tinha 13 anos na época, também foi sequestrado e morto. O corpo do adolescente foi encontrado queimado com ácido e marcas de tiro.


Em 2009, o ex-coronel foi condenado pela morte de Baiano, as condenações todas somam mais de 100 anos.


Atualmente, 23 anos depois do crime, a família de Firmino ainda aguarda que o estado reconheça a falha e o uso da máquina pública para o cometimento dos crimes e ainda não perdeu as esperanças de uma indenização pela morte do autônomo e do filho dele.



Grupo de extermínio

Hildebrando Pascoal Nogueira Neto nasceu em 17 de janeiro de 1952 em Rio Branco, no Acre. Fez carreira na Polícia Militar e chegou a ser comandante. Em 1994, elegeu-se deputado estadual pelo PFL e exerceu o mandato entre 1995 e 1999.


Nas eleições de 1998, conquistou o cargo de deputado federal, mas não chegou a cumprir nem um ano do mandato.


Após diversas denúncias contra Hildebrando Pascoal na Justiça do Acre, o Congresso formou uma comissão parlamentar de inquérito em abril de 1999, chamada CPI do Narcotráfico. A CPI e o Ministério Público investigavam a existência de um grupo de extermínio no Acre, com a participação de policiais, e que seria comandado por Hildebrando Pascoal. O grupo também era acusado de tráfico de drogas.


Hildebrando Pascoal era coronel da PM na época e foi acusado por liderar grupo de extermínio — Foto: Reprodução/Facebook

Hildebrando Pascoal era coronel da PM na época e foi acusado por liderar grupo de extermínio — Foto: Reprodução/Facebook


Em casa

Depois de vários entraves judiciais, oex-coronel está em casa novamente desde 22 de outubro deste ano. Pascoal retornou para o presídio, em setembro, após o Ministério Público do Acre (MP-AC) entrar com recurso contra a liminar que mantinha a prisão domiciliar do ex-coronel.


Logo depois, o próprio MP deu parecer favorável à transferência do ex-deputado para a prisão domiciliar pelo período de um ano. O pedido foi feito pela defesa de Pascoal.


De acordo com a decisão da juíza Luana Campos, Pascoal deve ficar no monitoramento eletrônico e tem que se submeter a uma série de determinações, inclusive, a de acompanhamento médico, não se ausentar da cidade, nem do domicílio, a menos que seja para acompanhamento médico.


Além disso, a juíza diz que a própria unidade prisional reconhece que não possui uma estrutura adequada para atender as necessidades físicas dele.


Sair da versão mobile