O gesto com as mãos que costuma significar ‘está tudo bem’ entrou em lista de organização que alerta para ícones relacionados à intolerância.
Amplamente usado como representação de “OK”, um sinal de mão ganhou nova conotação para grupos extremistas e por isso foi adicionado recentemente a uma lista de símbolos de ódio.
O gesto com forma arredondada entre o indicador e o polegar, que também é um emoji popular, foi classificado como “uma verdadeira expressão da supremacia branca” pela Liga Antidifamação (ADL, na sigla em inglês), organização dos Estados Unidos que monitora crimes de ódio.
Mas a liga ressalva que, na maior parte das vezes, o uso do gesto ainda indica aprovação ou que algo está bem.
Portanto, “deve-se tomar um cuidado especial para não tirar conclusões precipitadas sobre a intenção de alguém que usou o gesto”, diz um comunicado da ADL.
Outros símbolos adicionados à lista incluem ícones neonazistas em chamas e o slogan “Diversidade = Genocídio Branco”.
A Liga Antidifamação iniciou sua lista chamada Ódio em Exibição em 2000, com o objetivo de ajudar as pessoas a reconhecer sinais de extremismo.
Hoje, já há mais de 200 verbetes, incluindo a suástica e a cruz em chamas da Ku Klux Klan.
‘Trolagem’ extremista
“Mesmo que os extremistas continuem usando símbolos que podem ter anos ou décadas (de existência), eles regularmente criam novos símbolos, memes e slogans para expressar seus sentimentos de ódio”, explica Jonathan Greenblatt, chefe da ADL.
“Acreditamos que a aplicação da lei e o público precisam ser totalmente informados sobre o significado dessas imagens, que podem servir como um primeiro sinal de alerta para a presença de inimigos em uma comunidade ou escola.”
A ADL diz que o símbolo de OK se tornou uma “tática popular de trolagem (termo usado para o ato de escrever insultos e mensagens ofensivas online)” por “indivíduos de direita, que frequentemente postam fotos nas redes sociais de si mesmos fazendo o gesto”.
Tudo começou como uma piada no fórum online 4Chan, em que o gesto inocente foi descrito como um “símbolo de supremacia branca” significando o “white power”.
Mas a piada foi tão bem-sucedida e difundida pela extrema-direita que muitos acreditam que o sinal de OK está mudando de significado.
O homem acusado de matar 51 pessoas em mesquitas em Christchurch, na Nova Zelândia, no início deste ano fez o gesto quando estava no tribunal.
Ele se declara inocente.
Paul Stocker, historiador especializado em movimentos de extrema-direita, diz que o sinal de OK passou a ser usado pelos supremacistas brancos para se identificarem.
“É uma mensagem codificada para pessoas que conhecem e entendem o que a extrema-direita está fazendo”, disse ele à Radio 1 Newsbeat, da BBC. “Esse símbolo indica aos principais apoiadores que eles são um deles.”
O pesquisador diz que é comum que grupos extremistas se apropriem de sinais “já de domínio público e distorçam seu significado”.
“O processo de encontrar símbolos acelerou com a extrema-direita. Eles operam principalmente online e usam linguagem codificada e memes que podem parecer inócuos, mas se você pesquisar, têm significado.”
A Liga Antidifamação insiste, porém, que o símbolo na maioria das vezes significa que está tudo bem.
“O uso mais amplo do gesto manual ainda atende hoje ao seu objetivo mais conhecido.”
“Como resultado, não se pode presumir que alguém que usa o símbolo esteja fazendo-o no contexto de trolagem ou defesa da supremacia branca”.