A família da atendente Maicline da Costa, de 26 anos, entrou na Justiça para pedir uma indenização por danos morais de R$ 500 mil e pensão alimentícia de R$ 1,5 mil mensal. Ela morreu após um acidente entre duas motos aquáticas no Rio Acre, em Rio Branco, no início do ano.
As investigações da Polícia Civil foram concluídas em abril deste ano e o médico Eduardo Velloso foi indiciado por homicídio culposo e lesão corporal. A polícia não indiciou o empresário Otávio Costa, também envolvido no acidente.
O Ministério Público do Acre (MP-AC) não foi oferecida denúncia e, após análise, pediu novas diligências no inquérito.
Sem assistência
Ao G1, a mãe da vítima, que pediu para não ter o nome divulgado, disse que entrou com uma ação na Defensoria Pública do Acre (DPE) contra os dois envolvidos no acidente, tanto o médico quanto o empresário.
“Desde que aconteceu isso ficamos desassistidos com tudo, não é desse jeito. Perdi meu bem mais precioso, que era minha filha, e não é justo que fique desse jeito. Tem que pagar pelo o que fizeram. Ela morava comigo e era a única que trabalhava [com carteira assinada] porque eu sou diarista”, reclamou.
A reportagem entrou em contato com os advogados Marcos Vinícius Jardim e Mardilson Vitorino, responsáveis pela defesa de Eduardo Velloso e Otávio Costa, respectivamente. As defesas afirmaram que ainda não foram notificadas da ação.
Ainda segundo a diarista, Maicline sustentava a família com o salário que recebia. Sem o dinheiro, mãe e a irmã da jovem passaram a ter dificuldades financeiras. Revoltada, a mãe diz que a família foi destruída após o acidente.
“Quero que Deus resolva isso, não podem ficar impunes, se divertindo, com uma vida boa. Eles destruíram nossa família. Não temos mais saúde, vivemos tomando remédios para dormir, não tem mais vida normal, acabou”, se emocionou.
A mãe diz também nunca foi procurada empresário e nem pelo médico para saber se precisava de algo.
“Não estou muito bem, toda vez que vou depor me sinto mal. Agora que estou me estabelecendo mais, minha cabeça tem um pouco mais de paz. Não tinha paz, era direto em delegacia, Defensoria, Justiça. Só sabe quem está passando”, concluiu.
Pedido
O defensor público Celso Araújo explicou que a pensão deve ser paga levando em consideração o período que a jovem teria de vida. O processo foi encaminhado ao Fórum Cível de Rio Branco.
“É na média de idade que a pessoa acaba vivendo, seria cerca de 65 anos. Tem todo um processo agora, tem um prazo contestar o pedido. Foi feito pelo núcleo da Sobral a ação. A mãe procurou a gente para querer uma pensão porque era dependente dela”, confirmou.
O defensor acrescentou o inquérito da polícia é usado como apoio, mas o empresário também foi inserido na ação de indenização porque estava no local do acidente.
“Apesar de não ter sido indiciado na polícia, isso não impede dele também indenize”, finalizou.