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De muletas, corredor com paralisia já ganhou 82 medalhas no AC e vai subir os Andes para alcançar os mil km

Ediberto dos Santos, de 40 anos, tinha tudo para ser uma pessoa acomodada em casa inconformada com a condição física. Há cerca de nove anos, ele foi acometido por uma meningite, perdeu parte dos movimentos das pernas, mas ganhou uma nova razão para viver: a corrida.


Com ajuda de uma muleta para andar, o Ediberto se transformou no Edy Savage, apelido dado pelos colegas de maratonas por causa da força, coragem e garra aplicadas em cada competição que participa.


O novo Edy já ganhou 82 medalhas e cinco troféus de destaque em cinco meias maratonas disputadas em Rio Branco, Cruzeiro do Sul e Epitaciolândia, onde mora, interior do Acre. No próximo sábado (31), o competidor vai realizar o sonho da primeira maratona internacional, a Andes Race, em Cusco, Peru.


“Não fazia esportes, fui incentivado por um amigo, só trabalhava, fiquei quatro meses na Fundação, saí e fiquei assim. Moro em Epitaciolândia, e o colega meu, que é policial, me incentivou e me chamou para primeira meia maratona da Polícia Civil”, relembrou.


Aposentado já participou de cinco meias maratonas no Acre e agora vai participar de uma maratona no Peru — Foto: Gleilson Miranda/ Arquivo pessoal

Aposentado já participou de cinco meias maratonas no Acre e agora vai participar de uma maratona no Peru — Foto: Gleilson Miranda/ Arquivo pessoal


Paralisia

Edy trabalhava no lanche dele, que tinha em Rio Branco, quando sentiu fortes dores e foi levado para o hospital. Ficou quatro meses internado na Fundação Hospitalar (Fundhacre) e quando saiu foi morar com a mãe no interior.


“Trabalhava sozinho no lanche, era quatro horas da madrugada, fazia sanduíches na chapa, estava com o corpo quente e fui abrir o freezer. O vapor veio em mim e deu dores do lado, fui parar no hospital e passei quatro meses mal, não falava, andava e os médicos operaram minha cabeça”, disse.


O diagnóstico médico, segundo ele, foi meningite. Com as pernas, braços paralisados e a fala comprometida, Edy precisou se readaptar aos espaços, aprender a andar, falar e se mover novamente. Segundo ele, nunca faltou força de vontade para voltar a ter os movimentos novamente.


“O começo foi difícil, pensava que não iria me recuperar. Com força de vontade minha, de ficar vivo, de andar, nunca fiquei triste, não peguei depressão e fui mais forte”, afirmou.


Ediberto dos Santos ganhou apelido de Edy Savage dos amigos e colegas de competição pela garra e determinação — Foto: Pedro Devani/Arquivo pessoal

Ediberto dos Santos ganhou apelido de Edy Savage dos amigos e colegas de competição pela garra e determinação — Foto: Pedro Devani/Arquivo pessoal


Começo

A primeira competição foi há três anos, incentivado por um amigo policial. Ele relembra que o amigo o chamou para correr meia maratona em Rio Branco. Foram 21 quilômetros concluídos no tempo dele, devagar, com a muleta, mas com muita garra e determinação.


De lá para cá, Edy já participou de corridas com obstáculos, de rua, trilhas, ladeiras e outras. “Meu amigo perguntou se eu queria correr em Rio Branco, que era para conseguir o dinheiro que me levava. Me levou na outra semana, fiz 21 quilômetros demorados, mas fiz. Desde então não parei”, recordou.


Com todo empenho e alegria, Edy ganhou o carinho e o respeito de outros competidores. São eles que ajudam o atleta a concluir alguma prova, a pular uma barreira ou até mesmo carregá-lo até a chegada. E, se as muletas são empecilhos na hora da competição? Ele garante que não.


Com ajuda de fisioterapia e caminhadas, Edy conseguiu recuperar parte dos movimentos e anda com apoio de muletas — Foto: Pedro Devani/Arquivo pessoalCom ajuda de fisioterapia e caminhadas, Edy conseguiu recuperar parte dos movimentos e anda com apoio de muletas — Foto: Pedro Devani/Arquivo pessoal

Com ajuda de fisioterapia e caminhadas, Edy conseguiu recuperar parte dos movimentos e anda com apoio de muletas — Foto: Pedro Devani/Arquivo pessoal


“Não é um empecilho, não uso ela em casa, mas como tem buracos uso nas corridas. Não é um problema, fico feliz quando corro, alegre, brinco. As pessoas me tratam muito bem”, comemorou.


O competidor diz que entrou na corrida muito mais que uma nova família, achou uma chance de recomeçar. “Ajudou com certeza, agradeço a Deus e à corrida. Costumo falar que a corrida me deu outra vida. O médico diz que estou ficando melhor por causa da corrida. Aí que não vou parar”, falou.


Sonho

Edy falou ainda que se tornou um sonho competir nas montanhas depois que começou a correr. No próximo sábado, esse sonho vai virar realidade competindo na maratona internacional Andes Race, no Peru.


Os competidores podem correr 13 km, 30 km, 60 km ou 100 km. Como não tem experiências nesse tipo de corrida, Edy diz que vai enfrentar os 30 quilômetros. O percurso que ele pretende correr vai ajudar a concluir um desafio que estipula correr 1 mil quilômetros em um ano.


Amigos e competidores fizeram rifas e doações para ajudar Edy a realizar o sonho de correr nas montanhas — Foto: Gleilson Miranda/ Arquivo pessoal

Amigos e competidores fizeram rifas e doações para ajudar Edy a realizar o sonho de correr nas montanhas — Foto: Gleilson Miranda/ Arquivo pessoal


“Vai ser um sonho, era meu sonho antigo. Nunca desanimei disso, e agora vou realizar. Amo montanha, obstáculos, corrida de trilha. Quando chegar lá vou gritar bem alto ‘realizei meu sonho'”, prometeu.


O competidor viaja nesta quarta-feira (28) para o Peru com um grupo de atletas do Acre. Para conseguir viagem, Edy contou mais uma vez com a ajuda e lealdade dos amigos.


“Meu amigo de Epitaciolândia vai me levar. Os amigos falaram com o pessoal da Rede Vida, que me patrocina, para dar R$ 300 e o resto conseguir com rifas. Vendemos as rifas nas corridas, arrecadei mais de R$ 2 mil, outros colegas doaram dinheiro. Dou graças a eles”, concluiu.


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