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Sobrevivente de explosão no AC diz que mãe hesitou seguir viagem ao saber de combustível em barco

A mãe dele, Marluce Silva dos Santos, não resistiu aos ferimentos e morreu na terça (11), no Hospital do Juruá, em Cruzeiro do Sul. Explosão deixou 18 pessoas feridas na sexta (7).

Ainda muito abalado com a morte da mãe, o adolescente Gustavo Silva dos Santos, de 15 anos, sobrevivente da explosão em um barco no Rio Juruá, em Cruzeiro do Sul, interior do Acre, relembra os últimos momentos da viagem que fazia com a família. A mãe dele, Marluce Silva dos Santos, não resistiu aos ferimentos e morreu na terça (11), no Hospital do Juruá.


O adolescente conta que a mãe não sabia que o barco ia carregar combustível e que, assim que ficou sabendo, ainda hesitou em seguir viagem com a família. Segundo ele, ao menos duas mulheres desistiram por conta do carregamento de gasolina.


O acidente vitimou 18 pessoas. Além de Marluce, Simone Souza Rocha, de 24 anos, também morreu, no domingo (9), após uma parada cardiorrespiratória. Outras quatro foram transferidas para Minas Gerais, em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB).


Nesta, quinta-feira (13), esses pacientes foram levados para o Hospital Regional da Asa Norte (Hran), em Brasília.


“Minha mãe não sabia que ia ter combustível, ficamos sabendo lá. A gente tinha dormido em outro barco, aí uma mulher falou que iam abastecer com 5 mil litros de gasolina. Minha mãe ficou falando para meu padrasto: ‘será que eu vou’ e eu dizia que queria ir para casa. Duas mulheres deixaram de ir quando souberam que ia ser abastecido e quiseram ir no outro barco que ia sair no sábado [8], às 17h. Mas, a mãe queria ir naquele dia. Era para a gente ir no sábado também”, lembrou.


Marluce estava com o marido, José Artemísio, e três filhos na embarcação, sendo um bebê de nove meses. Eles estavam de mudança para Marechal Thaumaturgo à procura de trabalho, pois enfrentavam dificuldades financeiras.


O bebê está internado no Hospital da Criança, em Rio Branco, e o marido segue internado também no Hospital do Juruá. Ele teve 80% do corpo queimado.


Segundo o Corpo de Bombeiros, o barco transportava mercadorias, pessoas e combustível para os municípios de Porto Walter e Marechal Thaumaturgo, no interior do estado.


Salvou o irmão

O adolescente contou que ele estava com um dos irmãos na parte de trás da embarcação quando a explosão aconteceu. Ele diz que jogou o irmão para fora do barco e também pulou no rio. Em seguida, ele o empurrou para próximo do barranco e foi quando percebeu que não via a mãe.


“Eu estava na parte de trás do barco, mais longe. O barco estava abastecendo o último galão de gasolina e quando foi fazer a ligação com a bateria, faiscou e explodiu. Na hora, meu irmão ficou com medo porque não sabia nadar, aí empurrei ele para fora do barco. Depois pensei: ‘cadê minha mãe’, me deu vontade de voltar, mas disseram que não era para eu ir e fiquei desesperado. Quando vi a mãe, fui até ela, pensei que estava boa, não vi nem muito queimado nela”, relatou.


Santos afirmou ainda que não entende como não houve mortes no local da explosão. Isso porque, segundo ele, a embarcação estava lotada e com muita mercadoria.


“Até para ir ao banheiro era difícil, porque tinha rede armada e mercadoria demais. Não sei como não morreu ninguém na hora, estava apertado demais, difícil de sair”, disse.


Francisco de Assis Galvão, de 62 anos, é pai do adolescente. Ele diz que a mulher ajudava nos gastos com os meninos, até porque ele não tem condições de trabalhar.


“Não tenho condições nem de andar, quanto mais de trabalhar. Tenho dois atestados e minha renda hoje é nada, minha irmã que me dava R$ 200 e ajuda com comida. Mas, o que eu posso fazer é ajudar eles, dar conforto, porque abandonar eles eu não vou, porque sou o pai e a mãe deles agora”, disse.


Transferidos para BH

Quatro vítimas foram transferidas para o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, em Belo Horizonte. Inicialmente, foram levados dois pacientes, na segunda-feira (10). Entre eles Paulo Vitor, de 4 anos, que estava internado no Hospital da Criança com queimaduras no rosto, e Humberto da Conceição, de 38 anos, que tem 80% do corpo queimado.


A Sesacre informou que os dois estavam estáveis, tinham bom prognóstico e chances de transferência. Foi levantada a hipótese do bebê de 9 meses também ser transferido, mas o quadro de saúde não permitiu.


Na terça-feira (11), mais duas vítimas foram transferidas para Belo Horizonte. Entre elas Valdir Torquato da Silva, 52 anos, e Francisco Luna dos Santos, 62, dono da embarcação. De acordo com o diretor clínico do Hospital do Juruá, Marlon Holanda, os dois estavam internados em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em Cruzeiro do Sul.


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