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Delegado diz que pontões também são abastecidos de forma irregular, no Juruá

O delegado responsável pela investigação da explosão do barco no Rio Juruá, Lindomar Ventura, afirma que o abastecimento clandestino de embarcações é um problema mais grave do que todos imaginavam e põe em risco a vida de centenas de pessoas que ficam dentro do rio, e também dos moradores da margem do Juruá.


O delegado ouviu o motorista de caminhão da empresa que abastecia o barco na hora da explosão. Ele confirmou que abastece os barcos sempre da mesma forma: vai à base da Petrobrás em Cruzeiro do Sul e em seguida vai à margem do Juruá e desce pelo barranco, a mangueira que leva o combustível até o barco. Dependendo do nível do manancial, a mangueira desce até 20 metros barranco abaixo.


Desde a explosão, representantes da Marinha e dos Bombeiros repudiam o uso dos caminhões pipa e afirmam que as embarcações só podem ser abastecidas nos pontões, que são os Postos Flutuantes de combustível, chamadas aqui na região de pontão. Uma balsa com bombas de abastecimento, que armazena até 30 mil litros de gasolina e óleo diesel em sua parte inferior.


Só que os pontões também são abastecidos da mesma forma dos batelões, pelos mesmos caminhões pipas com mangueiras descendo barrancos ou em praias.


De acordo com Agência Nacional de Petróleo, Posto Flutuante é um estabelecimento localizado em embarcação sem propulsão, que opera em local fixo e determinado pela Capitania dos Portos que revende, a varejo, combustíveis automotivos e abastece tanque de consumo de embarcações marítimas, lacustres e fluviais ou embalagens certificadas pelo Inmetro. Os pontões devem ser abastecidos nas bases localizadas nas margens dos principais rios da região ou por barcaças, embarcações maiores que trafegam pelos rios rebocadas.


Em Cruzeiro do Sul há 4 pontões, em Porto Walter, 3 e em Marechal Thaumaturgo são 5. Mas só há bases de abastecimento em Cruzeiro do Sul, que não ficam na margem do Juruá, não há sistema de tubulação até o rio e não há barcaças adequadas pra esse transporte. Nas demais cidades, o combustível chega em barcos que levam junto, passageiros e mercadorias, como o que explodiu no dia 7 de junho, que seguiria de Cruzeiro do Sul para Marechal Thaumaturgo com 5 mil litros de gasolina e óleo diesel.


O empresário Dioece Gonçalves, dono de um pontão que estava próximo ao barco que explodiu no dia 7 de junho, admite que o abastecimento é feito sim por caminhões pipa. Vai além e afirma que além dos caminhões locais, outros de Rio Branco, também atendem os donos de barcos e pontões nas margens do Rio Juruá. ‘ Sempre foi assim e sempre será porque muita gente opera assim e o consumo aqui é pequeno por isso as distribuidoras não têm interesse em investir. Mas quem mexe com combustível sabe dos riscos” cita ele, afirmando que os funcionários de seu pontão são treinados para situações de risco .


Inquérito Policial

O delegado Lindomar Ventura, ressalta que no Inquérito Policial vai apontar as responsabilidades de cada um dos envolvidos no caso da explosão do barco e toda a situação irregular de transporte e abastecimento de embarcações. ” São várias aberrações nesse caso. O certo é que várias instituições e pessoas, como Marinha, Imac, Petrobras, Distribuidoras, empresas transportadoras, donos de barcos devem tomar atitudes de forma a reduzir os riscos de morte de terceiros. Tragédias maiores podem acontecer ainda por falhas em todo o sistema de transporte de combustível e passageiros. Deveria haver um local adequado e seguro para o abastecimento, outro para o embarque de passageiros e tudo feito da forma correta. Vou apontar responsabilidades e o Ministério Público e a Justiça vão atuar a partir daí”, ressalta o Delegado Lindomar Ventura, que ainda vai ouvir dez pessoas até concluir o Inquérito Policial.


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