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ASSISTA VÍDEO -Guerra entre facções criminosas rivais: a violência urbana real e a sensação de segurança que não saiu do papel

Um vídeo obtido pela reportagem do Ecos da Notícia mostra a invasão promovida por membros do Comando Vermelho ao bairro Hélio Melo, região conhecida como Sapolândia, em Rio Branco, na noite da última terça-feira (25). As imagens divulgadas através da internet foram gravadas pelos próprios criminosos que buscavam executar os líderes do Bonde dos 13, facção rival e que é responsável pelo tráfico naquela área.


O vídeo tem pouco mais de 5 minutos. Nele é possível ver homens portando armas de fogo apontando para as residências. Em um determinado momento, um pastor evangélico que passava pela rua numa motocicleta é parado pelo grupo. Ao informar que era pastor, o homem teve a vida poupada pelos criminosos e foi liberado para seguir viagem. Os moradores viveram momentos de pânico em meio a vários disparos.


Conforme apurado pelo Ecos da Notícia, a invasão foi em represália à morte do mecânico ocorrida na manhã de segunda (24). O jovem Leonardo Felipe Dias era morador da Sapolândia, que é área do Bonde dos 13, mas trabalhava no Mocinha Magalhães, bairro comando pelo Comando Vermelho. Ele foi executado com vários tiros de pistola por um adolescente de 17 anos, que já foi apreendido pela polícia e teria assumido a autoria do assassinato.


Violência real versos projetos de sensação de segurana


A íra do CV contra o B13 teria sido motivada pelo fato de o jovem trabalhador ter sido morto apenas por morar num bairro comandado por uma facção e trabalhar em outro bairro onde quem comanda é a facção rival. A execução de Leonardo Felipe, segundo revelou uma fonte, teria sido ordenada por Maycon e Felipe, homens que lideram do Bonde dos 13 na Sapolândia. Ambos estavam presos, mas foram beneficiados pelo regime de monitoramento por tornozeleira eletrônica. A dupla cortou os equipamentos e está foragida.


No vídeo, os membros do CV arrombam a casa de um dos rivais, mas o mesmo já tinha fugido e escapou de ser assassinado. Relatos de moradores enviados à nossa redação é de que foram efetuados para mais de 50 tiros. “Foram muitos tiros. De rajada, mais de 50 tiros. Todos ficamos aterrorizados com medo de acontecer alguma coisa com quem não tem culpa dessa briga deles”, disse uma leitora que optamos por preservar sua identidade.


A SEGURANÇA PÚBLICA DO ACRE REFÉM DAS FACÇÕES


Muito se fala em enfrentamento ao crime organizado no Acre. Se passam governos e o discurso continua o mesmo. Enquanto as ações não são executadas, as facções se consolidam e ganham ainda mais integrantes, aumentando assim seus poderes. Na noite em que aconteceu essa invasão na Sapolândia, apenas uma viatura da Polícia Militar foi deslocada para atender a ocorrência. O veículo da PM passou alguns minutos estacionado na entrada do bairro e foi embora. Os policiais nem chegaram a sair da viatura.


Um outro morador da região, e que também não iremos divulgar seu nome, afirma que a atitude da guarnição foi acertada. Pois se aquela equipe com apenas 3/4 policiais tivesse entrado no bairro, muito provavelmente poderiam ser mortos pelos criminosos que estavam fortemente armados e em maior número. Ele é taxativo ao dizer que na Sapolândia, a polícia não entra. E quem manda e desmanda é o crime.


“Eles vieram e ficaram alí na entrada. E foi o certo, se tivessem entrado talvez tinham sido baelados ou até mortos pelos bandidos. Os bandidos estavam em um bando maior que o número de polícia. Aqui a polícia não entra assim não. Aqui a situação é quente, como eles dizem”, diz o homem de 58 anos.


A Secretaria de Justiça e Segurança Pública do Acre (Sejusp) ainda não se pronunciou a respeito dessa situação. Nenhuma ação foi anunciada pelo governo para pacificar aquele bairro.


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