Receber acolhimento em um momento de crise, encontrar o cuidado necessário para realizar o tratamento na comunidade em que vive, perto da família, mudou a realidade de moradores de Rio Branco, que tem algum tipo de transtorno mental. O tratamento feito fora dos hospitais psiquiátricos, disponibilizado pela Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), nos Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e nas Unidades de Referência de Atenção Primária (URAP), do município, busca melhorar a dignidade de vida de usuários do sistema.
Para marcar o mês da luta antimanicomial, a Prefeitura de Rio Branco, por intermédio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) realizou na manhã desta sexta-feira, 24, na URAP Roney Meireles, bairro Adalberto Sena, uma Roda de Conversa, na sala de espera da unidade destinada prioritariamente as pessoas que tem familiar na condição de usuários do Centro de Atenção Psicossocial. O evento, aberto ao público, incluiu apresentação do webdocumentário que conta a história do Hospital Colônia de Barbacena, em Minas Gerais.
O Hospital Colônia fundado em outubro de 1903, com capacidade para 200 pessoas, logo se transformou num depósito de humanos, passando para 5.000 internos. As condições de vida dentro do manicômio eram sub-humanas, tano que, chegou a ser comparado a um campo de concentração nazista. Seu fechamento se deu na década de 1980 e em 1996 passou por uma profunda transformação, sendo reaberto, desta vez, como “Museu da Loucura”.
Para a psicóloga Deise Basílio, o cuidado em saúde mental é multiprofissional, pois a compreensão de adoecimento psíquico é multifatorial. Segundo, Deise, os casos de adoecimento são crescentes na capital e a Prefeitura trabalha com o objetivo também de fortalecer a identificação dos distúrbios psíquicos e potencializar o cuidado em todos os pontos de atenção.
“Além das atividades rotineiras como acolhimento, consultas e grupos terapêuticos, procuramos conscientizar a sociedade para os impactos da doença mental que é diferente em cada pessoa, podendo interromper o cotidiano e reverberar em diversas áreas na vida. Quebrar a corrente do preconceito é desafio”, destacou a psicóloga.
Reconhecimento
“Moro na Vila Incra e cuido do meu pai há dez anos. Antes, era um sofrimento com internações no hospital psiquiátrico da cidade, as internações sempre estressantes pra ele que tem 69 anos. Isso levava dias, meses. Hoje é diferente, saio de ônibus da colônia, o atendimento na URAP Roney Meireles é rápido e humanizado. Ás 9h horas já estou retornando pra casa depois da avaliação medica e com os remédios necessários, tudo de graça. Sou grato a Prefeitura que devolveu a qualidade de vida ao meu pai e por extensão a nossa família”, expressou o colono Adão Lourenço da Costa, de 49 anos.
A autônoma Alceli Vieira Barros, 49, moradora do bairro 6 de Agosto, tem na URAP Roney Meireles, o apoio que precisa para o filho de 12 anos, que precisa de cuidados de fonoaudiólogo e psiquiátrico. “Posso dizer que sou muito grata a prefeita Socorro Neri, que colocou uma equipe de ótimos profissionais a disposição do povo de Rio Branco. Eles mudaram a vida do meu filho e a minha. Meu filho hoje vai à escola sozinho, interage com os colegas de aula, antes, era fechado, isolado de tudo, inclusive de mim”, destacou.